A Palavra que a liturgia de hoje nos apresenta convida-nos a manter com Deus uma relação estreita, uma comunhão íntima, um diálogo insistente: só dessa forma será possível aceitar os projetos de Deus, compreender os seus silêncios, respeitar os seus ritmos, acreditar no seu amor. – Lucas, ao longo de seu Evangelho, dá destaque especial a três temas: a revelação da misericórdia de Deus, a denúncia da divisão da sociedade em ricos e pobres e a importância da oração.
Em relação a este último tema, várias vezes ele narra momentos de oração de Jesus, bem como o convite aos discípulos para orarem, e apresenta duas singelas parábolas que revelam a importância da oração. Na parábola de hoje os personagens são uma viúva e um juiz iníquo. A viúva, que é a expressão dos excluídos da sociedade, representa o povo oprimido. O juiz é a expressão daqueles que oprimem e excluem. A insistência e a perseverança da viúva vencem a indiferença e a omissão do juiz injusto.
Se com o pedido insistente da viúva o juiz muda sua posição omissa, com maior razão Deus fará justiça aos seus, que a ele clamam dia e noite. Deus não está ausente nem fica insensível diante do sofrimento do seu povo.
Devemos descobrir que Deus nos ama e que tem um projeto de salvação para todos os homens; e essa descoberta só se pode fazer através da oração, de um diálogo contínuo e perseverante com Deus. O clamor da viúva é o clamor dos oprimidos. É o clamor que também exprime o desejo de uma nova sociedade, fundada nos valores da dignidade, fraternidade e partilha.
Os discípulos de Jesus, reunidos em comunidades, hoje, são chamados a viver a fé com perseverança, rompendo com os falsos valores da sociedade injusta, rompendo com aqueles que não sabem valorizar o trabalho honesto e verdadeiro dos que podem de fato oferecer-lhe algo positivo, ficam atrás de falsas promessas e desconhecem a profundidade da fé dos que de fato podem lhes oferecer algo de concreto para o crescimento pessoal.
Essa parábola nos faz lembrar tantas pessoas que vivem situações de desemprego, doenças, acidentes, decepções, injustiças, e mesmo assim continuam lutando e rezando sem perder a esperança que dias melhores virão.
Na primeira leitura entendemos que Deus intervém no mundo e salva o seu povo servindo-se, muitas vezes, da ação do homem; mas, para que o homem possa ganhar as duras batalhas da existência, ele tem que contar com a ajuda e a força de Deus. Ora, um cego não pode guiar outro cego.
Essa ajuda e essa força brotam da oração, do diálogo com Deus, do trabalho na propagação do santo Evangelho. Na segunda leitura Paulo apresenta outra fonte privilegiada de encontro entre Deus e o homem: a Sagrada Escritura. Sendo a Palavra com que Deus indica aos homens o caminho da vida plena, ela deve assumir um lugar importante na nossa vida e experiência cristã.
Deus tem projetos e planos que nós, o homem falhamos, Deus não! Na nossa ânsia e impaciência, não conseguimos perceber essa diferença. Deus tem o seu ritmo que passa por não forçar as coisas, mas por respeitar a liberdade de todos nós, homens e mulheres. Resta-nos respeitar a lógica de Deus, confiar nele, entregar-nos em suas mãos nossa vida e deixar Ele nos guiar ao sumo bem.
Se até um juiz sem escrúpulos acaba cedendo ao pedido insistente de uma mulher pobre, muito mais Deus atenderá a seus filhos e filhas que o invocam com constância, fé e confiança. A viúva pode simbolizar os cristãos da comunidade de Lucas: pessoas desprezadas, pobres e marginalizadas. Deus intervém no momento oportuno e de maneira nem sempre imaginada. Até a concretização do seu Reino, somos convidados a não desistir de invocá-lo. Evangelho do Senhor!
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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