Hoje, somos convidados a repensar como vivemos concretamente nossa fé. Quando ela é madura, sincera, manifesta-se em nossos gestos, palavras e ações. Quando deixamos de ser, não pensamos nos efeitos de nossas palavras e ações, e muitas vezes por não termos o tempero certo, causamos intrigas e sofrimentos desnecessários a outros.
A observação das normas provindas da Lei foram aos poucos transformando-se em meras regras exteriores que já não tocam mais os corações dos fiéis. A exterioridade e a superficialidade com que está vivendo a Lei do Senhor, tem reduzido a fé do povo a um simples ritualismo mágico, que não toca nem chega mais ao íntimo dos corações. Deus percebe o mundo e os chama de volta para os caminhos do Senhor. Entendemos que todos tem o direito de recomeçar uma nova história e ter assim um final feliz, se soubermos com dignidade perdoar e dar oportunidades para que a vida de muitos possam ser reconstruídas.
Agrada ao Senhor, abandonar todo tipo de opressão e descriminação, não abusar do poder, não agir com autoritarismo por motivos particulares, evitar linguagem maldosa, não difamar ou atentar contra a dignidade do próximo. Em síntese, é o amor gratuito ao próximo, precedido e acompanhado do amor a Deus, que agrada o Senhor. Amar e servir a Deus na pessoa do próximo necessitado é a condição básica para que brilhe em nós a luz de Deus e a manifeste em nosso ser e agir.
Provavelmente, se formos examinar com honestidade a vivência de nossa fé, haveremos de reconhecer que aquilo que o profeta falava ao antigo povo, serve também para nós. Em um sincero exame de consciência, reconheceremos vários sinais de superficialidade na vivência de nossa fé e o quanto as vezes somos egoístas.
Certamente, esse chamado não agradará a muitos dos ouvintes, mas entendo que o pregador do evangelho nem deve ter a preocupação de agradar, mas sim de ser sincero e justo com o Reino de Amor construído por Deus. Sua preocupação deve ser somente aquela de ser fiel ao Senhor. Depois, o apóstolo recorda que não devemos confiar e nem recorrer somente a nossa sabedoria humana. Pois, a fé e a salvação são acima de tudo, dons do Pai. Somos nós que anunciamos, mas é a graça que torna frutuoso o nosso anúncio. O que realmente importa para o sacerdote pregador, é que seja dócil à voz de Deus e obediente ao Espírito Santo, ou seja, ser um bom instrumento da graça.
O Evangelho resume em poucas palavras aquilo que deve ser nossa missão enquanto colaboradores do Senhor: “vós sois o sal da terra e a luz do mundo” (Mt 5,13). Deus criou este mundo maravilhoso e o entregou em nossas mãos, para que através do nosso trabalho e inteligência, possamos transformá-lo e ajudar outros a se transformar sem intrigas e maledicências. O próprio Jesus em defesa de uma irmã disse: Quem não tiver nenhum pecado que atire a primeira pedra. Com a entrada do pecado no mundo, também as coisas contrárias ao plano de Deus passaram a fazer parte do mundo. O maligno plantou suas sementes no canteiro de Deus. Foi exatamente para reverter tudo isto que Deus nos chamou e enviou para sermos sal e luz.
Temos que ser no mundo uma presença qualitativa e transformadora conforme nos tem pregado nosso arcebispo Dom José Fernando de Faria presidente da Igreja Veterocatólica Missionária da qual faço parte. Não podemos nos contentar de sermos iguais aos demais. Cada qual tem seus erros e defeitos, olhemos as qualidades e o que estas pessoas podem acrescentar em nossas vidas, se não houver remédio, remediado está. Temos que superar os problemas deste mundo, com mais amor ao próximo pois nossa meta, como disse na celebração anterior é a santidade do Pai, imprimindo o gosto e a marca de Deus em tudo o que somos e fazemos.
Nenhum encontro com Deus pode gerar algo diferente disso: a certeza de que somos totalmente necessitados d’Ele, de que somente Ele pode nos libertar de nós mesmos, do egoísmo intrínseco ao nosso coração, das doenças e vícios da alma que nos levam a viver e lutar por nós mesmos, custe o que custar. E a outra certeza que uma experiência verdadeira com Deus gera em nós é a de que precisamos viver para Ele. Se queremos nos relacionar com Deus e não estamos dispostos a ouvir seu chamado para nós, significa que ainda não nos libertamos do comando de nossas vidas.
Se a minha relação com Deus está baseada no “eis-me aqui, Senhor, preciso atentamente estar a sua disposição e servir. Muita gente ainda não entendeu quem Ele é, e o que Jesus espera de nós. Ao contemplar o Senhor, Isaías não teve outra reação a não ser se dispor para cumprir o chamado de Deus para ele. Ele não tinha outra declaração a fazer senão: “eis-me aqui”. Nenhum de nós será pleno enquanto não entender que toda a nossa realização está em ser transformador de pessoas para o bem e acreditar que todos possam ser santificado por Ele, e para isso precisamos nos doarmos totalmente para descobrir e cumprir sem questionamentos particulares tudo que Ele planejou para as nossas vidas e para aqueles das quais seremos responsáveis sem sermos acusados que fomos os primeiros a atirar pedras.
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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