A Igreja oferece aos seus fiéis uma síntese da história da salvação revivida no Batismo. Servindo-nos do simbolismo da água que é um elemento natural necessário para a existência e manutenção da vida a liturgia de hoje nos oferece “Água Viva”. Já na criação do mundo, Deus se serviu da água. No deserto, saciou a sede de seu povo e ao fazer sair água da rocha, manifestou-se como Salvador, tornando possível a continuidade da caminhada.
O Cristo, em seu Batismo, imerso na água santificou esse elemento e em sua morte, o jorrar água de seu peito, simboliza o dom do Espírito Santo para a geração de uma nova humanidade. A água do batismo pode lavar os pecados e fazer renascer os filhos de Deus em virtude do sangue de Cristo, fonte de todo perdão.
No Evangelho o fato se dá ao redor do poço envolvendo uma mulher e Jesus. A mulher sem nome representa a humanidade que, no sufoco do calor, busca algo que sacie sua sede. O poço, no Antigo Testamento, recorda muitos fatos dentro da história da salvação, é o símbolo da Lei, da sabedoria e das instituições. O poço de Sicar é o lugar onde a humanidade encontra seu esposo ou líder. Jesus, por sua vez, superando os preconceitos no diálogo, se apresenta e, assim é reconhecido como o verdadeiro poço, fonte de água viva. A verdadeira e eterna Lei, a sabedoria, a fonte do amor, que sacia interiormente: “… quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna” (v.14).
Para além dos ídolos, Jesus é o dom de Deus que a humanidade precisa conhecer. A experiência da mulher e seu testemunho levaram outras pessoas a conhecerem Jesus. – Diante de uma sede profunda a pessoa não se sacia do nada, ela precisa de uma fonte de água que lhe seja favorável. Façamos também nós a experiência de Jesus para conduzirmos outras pessoas até ele.
Sede de um povo no deserto, sede de uma mulher no poço, sede nossa. A sede é símbolo de uma necessidade íntima e vital. Mas além da sede fisiológica, há uma sede mais profunda na sociedade e em cada indivíduo. Na procura de saciá-la, procuramos ‘coisas’, ‘bens de consumo’, sendo eles, os mais fáceis, mais cômodos, mais seguros, mais oportunos. Nada nos basta, nada nos satisfaz. A técnica, a ciência, o comércio, o capital, o poder não sacia a sede de amor, de paz, de perdão, de reconhecimento, de felicidade, de esperança, de justiça, de misericórdia que todo ser humano sente. Esta sede só será saciada por Jesus Cristo que se faz água viva.
O povo tem sede, o povo tem fome. A Igreja, através da Campanha da Fraternidade nos interpela para olharmos para os irmãos que estão sedentos de justiça, de amor, de alimento, de uma nova oportunidade. Essa saciedade não virá de forma mágica ou fantasiosa, mas será possibilitada pela nossa solidariedade e capacidade de partilhar.
Em Jesus Cristo, reconhecemos em nós a fonte de água vida que pode garantir a vida com dignidade para todos sem exclusão e distinção.
Da mesma forma que julgarmos, com certeza, seremos um dia julgado. Sejamos solidários como nos pede o Lema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Dai-lhes vós mesmos de comer” Ame? Irmãs e irmãos, estamos felizes por nos reunir em Comunidade nesta Prelazia, neste dia em que Cristo se revela como “Água Viva” que sacia nossa sede de amor e vida. Cantemos.
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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