Na liturgia de hoje os Atos dos Apóstolos continuam descrevendo os primeiros acontecimentos marcantes da Igreja primitiva. Dentre eles, dois foram decisivos: a ressurreição do Senhor e o envio do Espírito Santo. A ressurreição trouxe luz para tudo o que tinha sido obscurecido pelo escândalo da morte na cruz. A descida do Espírito Santo, reacendeu a luz da fé nos corações dos discípulos e os transformou em testemunhas corajosas do Senhor e da sua ressurreição.
Nos primeiros dias, logo após a ressurreição, os discípulos viviam escondidos por medo dos judeus; reuniam-se a portas fechadas andavam as escondidas. Mas, Agora, já cheios do Espírito Santo, aquele medo tinha se transformado em coragem e os discípulos se tornaram anunciadores e testemunhas públicas do Senhor.
O anúncio público dos apóstolos partia sempre da paixão, morte e ressurreição do Senhor, pois este foi o momento mais alto da história da nossa salvação e também a maior prova do amor de Deus por nós. Não se pode anunciar a ressurreição do Senhor sem falar de sua paixão e morte.
Somos tentados a omitir estes fatos, mas, como os discípulos, devemos ser fiéis a este anúncio. Jesus só ressuscitou glorioso, porque assumiu obedientemente a sua paixão e morte na cruz, em atitude de amor ao Pai e a nós. Concretamente, temos que viver nossa fé em Jesus com a mesma alegria e convicção, tanto naqueles momentos serenos da vida, como naqueles de profunda dor, de profundo sofrimento.
Vimos também como Pedro, agindo em nome de Cristo e de toda a Igreja, vai buscar nas Sagradas Escrituras os fundamentos do seu anúncio. Através da Palavra de Deus escrita, ele conduz seus ouvintes à fé no Senhor. Estando cheios do Espírito Santo e agindo em nome do Senhor, Pedro não confia somente em seus conhecimentos, na sua sabedoria, nem mesmo em suas qualidades ou gosto pessoal, mas, na Palavra revelada. Ela é a fonte, o ponto de partida e de chegada de todo o anúncio da Igreja primitiva e também deve ser para a Igreja de todos os tempos. E é nestas passagens bíblicas que encontro motivo e orgulho em pertencer a Igreja Veterocatólica Missionária.
O Evangelho nos conta uma das tantas aparições do Senhor ressuscitado. Agora não é mais o grupo dos doze que vê Jesus: são os discípulos de Emaús, os agraciados com a aparição do Senhor glorioso pelo caminho. É Jesus ressuscitado que espontaneamente apresenta-se diante destes discípulos e prossegue caminhando com eles.
Os dois estavam vivendo uma primeira crise de fé e praticamente já tinham perdido as esperanças nas promessas de Jesus. De fato, eles afirmaram: “nós esperávamos que fosse o libertador de Israel, mas já faz três dias que tudo isto aconteceu”.
Mesmo conhecendo o coração daqueles discípulos, o Senhor coloca-se no caminho deles e estabelece um diálogo. Tal fato é assim narrado para mostrar-nos que o encontro com o Senhor ressuscitado é sempre um dom presente. Mesmo que nossa fé seja pequena e nossa esperança pouca, Jesus gratuitamente se coloca no nosso caminho, acompanha nossos passos, sabe das nossas dificuldades, dialoga conosco e oferece-nos companhia e salvação. Se nos dispomos a caminhar com ele e seguir os seus passos, alcançaremos a salvação, caso contrário, continuaremos cegos e escravos de nossa falta de fé. Da nossa falta de amor ao próximo, tão recomendado durante seu ministério na Terra.
É importante também observar o caminho que os discípulos fizeram para reconhecer o Senhor a partir da explicação das escrituras. Mais uma vez nos é comprovado que depois da ressurreição, a fé em Jesus não necessita mais do ver e do tocar para crer. Para ver Jesus glorioso e crer na sua presença, precisamos apenas de um ato de fé, dos olhos do coração.
Além das explicações das escrituras, aquilo que abriu definitivamente os olhos da fé dos discípulos foi o gesto de Jesus de abençoar e partir o pão, exatamente como o havia feito na celebração da última ceia, quando havia instituído a Santa Eucaristia. Portanto, é na Palavra anunciada e no pão partilhado que Jesus se revela e se faz presente entre nós, depois da ressurreição.
Isto equivale a dizer que a Eucaristia que celebramos em nome do Senhor é o melhor lugar e o melhor momento para reconhecermos a presença de Jesus ressuscitado entre nós.
De fato, em cada Eucaristia que celebramos, o próprio Senhor nos atualiza sua Palavra e repartimos o pão do seu Corpo e o cálice do seu Sangue entre nós. É na Eucaristia que Jesus vivo encontra-se conosco. Com o Senhor eles participaram da Eucaristia e como consequência, tornaram-se anunciadores e testemunhas de que o Senhor ressuscitou, está vivo e caminha com os seus. Assim devemos viver nossa Eucaristia. Ela nos impulsiona à missão e ao testemunho do Senhor ressuscitado.
Cada Eucaristia que celebramos é uma riqueza imensa que não podemos guardar só para nós. Terminada a celebração, devemos correr ao encontro dos irmãos e irmãs para partilhar o dom recebido.
Acolher o próximo é acolher o próprio Cristo como fizeram os discípulos de Emaus. Jesus deseja ser acolhido e ir ao seu encontro por intermédio do enfermo, do pobre e dos mais sofridos e necessitados. Em (Mateus 25, 40) lemos: “Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!”.
Nós não podemos passar nesta vida sem cuidar e sem receber Jesus que está na pessoa dos mais pobres, dos mais sofridos e necessitados O mesmo Jesus em que eu creio e ao qual devemos adorar – está na Eucaristia e vem ao nosso encontro quando nos abrimos para Ele – é o Jesus que está na pessoa dos pobres, dos mais sofridos e dos mais necessitados.
Se eu lhe perguntasse o que você gostaria de fazer para Jesus, com certeza, você Lhe daria o melhor da sua comida e o melhor da sua casa e até a decoraria de outra forma para poder acolher o Senhor.
O mesmo Jesus a quem você quer abraçar e deixar abrasar dentro de si deseja ser acolhido e ir ao seu encontro na pessoa do próximo, na pessoa dos mais sofridos e necessitados.
E por mais duro que seja, Jesus está na pessoa do próximo nas prisões, nos asilos, nos orfanatos, nas ruas, nas igrejas, debaixo das pontes, nas favelas. Jesus está nos hospitais, Ele está onde houver um sofrido, onde houver um necessitado, onde houver aquela pessoa que pode até parecer repugnante aos nossos olhos e aos nossos sentidos. Ali está Jesus e é isso que ele fez se coloca no caminho para dialogar conosco com fez a caminho de Emaus.
Portanto, se eu quero cuidar de Jesus, eu preciso cuidar d’Ele onde Ele estiver. Talvez seja mais fácil cuidar da toalha do altar, fazer uma oferta para a Igreja. Maravilha! Essas são algumas maneiras de cuidar das coisas do Senhor. Mas nós precisamos também saber acolher Jesus no meio de nós. Ele e esses irmãos batem a nossa porta, se abrir ele entrará e ceiará conosco.
No dia do julgamento final nós não seremos julgados pelas vezes em que comungamos nem pelas vezes em que rezamos o terço, o rosário, ou pelas vezes que assistimos a santa missa, ainda que estes sejam meios que nos santifiquem e que nos façam melhores. No entanto, se todos os rosários que rezei, se todas as comunhões que já fiz e se todas as leituras da Bíblia que eu realizei, se todas as missas que eu já assisti e participei não me converteram, para que eu encontre Jesus naqueles que sofrem, naqueles que de mim necessitam, eu preciso realmente e urgentemente deixar que o Evangelho chacoalhe o meu coração e a minha vida. Para aceitar a força da partilha na Eucaristia e preciso crer que Jesus vive e me sonda sempre! Deus abençoe vocês!
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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