A Santa Missa em Seu Lar deste domingo, 19 de julho, presidida pelo Padre José Neilo da Igreja Católica Apostólica Anglicana Unificada, traz uma reflexão das leituras que nos levam ao pensamento de Deus que nem sempre coincidem com os nossos. Seu poder, contrariando nosso pensamento, mostra-se na capacidade de perdoar, pois ele não se alegra com a destruição das pessoas. Os discípulos pediram a Jesus que explicasse a parábola do trigo e do joio, e Jesus foi muito preciso na sua resposta. Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. Jesus é o semeador da boa semente, foi Ele quem semeou a Sua Palavra, a Palavra de vida, de salvação e libertação. É Ele quem semeia em nossos corações a parábola de vida, e a vida é o trigo que nos alimenta e nos salva, é o trigo que se transforma, inclusive, no seu próprio corpo que nos alimenta e nos dá vida.
O campo é o mundo. O mundo em que estamos é esse campo extenso, vasto, olhamos no campo e está tudo bonito; mas, no meio dele tem joio, mas olhando de longe parece que é tudo igual. Quando estamos juntos, não dá para saber quem é bom, quem é ruim, quem é do mal, porque todos nós temos boa aparência, graças a Deus, mas a casca engana e ilude. Há muita coisa que parece ser trigo, mas é joio; às vezes, há pessoas que julgamos: “Aquele não vale nada”, mas nele está o bom trigo do Senhor. Por isso, precisamos olhar para o nosso coração, para que não esteja o maligno disfarçado em nossa vida, e estejamos semeando o joio na vida dos outros e no mundo, onde todas as coisas são semeadas e jogadas paralelamente, mas é preciso entender que a boa semente é a Palavra, a boa semente são aqueles que são transformados pela Palavra de Deus e se tornam filhos d’Ele. Somente pela palavra somos salvos. E tem mais, nós apenas colhemos tudo aquilo que plantamos. Portanto quando entendermos o verdadeiro amor ao nosso próximo, saberemos quem é joio e quem é trigo aos olhos de Deus. E Deus por sua vez se mostra humano e misericordioso com todos os povos e nos conforta com a esperança de que sempre há lugar para o arrependimento e o perdão.
Na segunda leitura o Espírito que recebemos está sempre presente em nossas vidas, nos ilumina diariamente. É importante estarmos sempre atentos aos seus apelos e nos deixarmos envolver por ele. Muitas vezes nossa arrogância e intolerância acabam não deixando espaço para o Espírito Santo atuar em nós. No evangelho de hoje para falar sobre o Reino de Deus, Jesus nos ensina por meio da parábola que essa é a graça, a boa semente que nós recebemos nos transforma no bom trigo, faz de nós sementes do Reino. Aquilo que é semeado em nós semeamos também no mundo, mas o joio são aqueles que pertencem ao maligno. Lições tiradas da vida agrícola e familiar, linguagem que o povo entendia naqueles tempos e que repercutem até os dias de hoje. A parábola do trigo e do joio mostra nos a necessidade de não haver precipitação para arrancar o joio antes da hora, a fim de não prejudicar a colheita, naquele caso o trigo. Ela mostra que o bem e o mal convivem nas pessoas e nas comunidades. Deus não quer que ninguém pertença ao maligno. Ele não deseja que nenhum dos seus filhos estejam contaminados, ludibriados e enganados, porque o joio é um verdadeiro engano.
Precisamos ter cuidado, porque há muitas pessoas que se dizem boas, que são da igreja, são de Deus, mas são os primeiros a semearem fofocas e praticarem a maledicência. O que é maledicência senão essa má inclinação de falar mal da vida dos outros? Somos aqueles que, muitas vezes, recebem o bom trigo, a comunhão, o corpo do Senhor em nós, mas fazemos mal para o outro, desejamos o mal para o outro, maquinamos o mal para o outro, por isso somos o joio disfarçado de trigo. E Deus não se agrada destas pessoas.
Deus tem paciência e sempre espera a conversão do ser humano. Todos somos um pouco joio e trigo ao mesmo tempo. Ninguém pode pretender ser completamento bom e ver o outro somente mau. Somos seres humanos limitados e Deus sabe disso, com virtudes e vícios, com fortaleza e fraqueza, bons e maus convivem juntos, porque assim é a vida. Também não nos cabe a triagem eliminando o joio. A misericórdia de Deus não nos excluiu, porque a graça de Deus espera a purificação, a renovação, a santificação; e se não trabalharmos seriamente nem permitirmos que a Palavra de Deus faça isso em nós, o joio irá prevalecer, o que vai acontecer é que, quando Deus vier nos separar, vai pegar o joio velho e este será queimado pelo fogo. Também nas comunidades, às vezes, existem pessoas que se dizem “do bem” e julgam ser as donas da verdade. Em todos nós há algo que precisa ser queimado como o joio e ha algo a ser cultivado como o trigo.
A verdade é que há muitas maldades, muitas práticas pecaminosas em nós, as quais, simplesmente, maquiamos com boas práticas para parecer que somos trigos, mas não somos trigos tão bons assim. Que cada um de nós façamos uma reflexão sobre as leituras que nos foram apresentadas hoje e como disse Jesus pelos frutos conheceremos a árvore. Lembrando que na parábola de Jesus o agricultor semeou a boa semente; durante a noite o inimigo semeou o joio. Os dois cresceram juntos. Ao perceberem a presença da erva daninha, os empregados questionam o agricultor se podiam arrancá-las. O dono, prudente, exorta-os a ter paciência e diz que aguardem até o momento da colheita, quando o joio será queimado e o trigo guardado. Estamos em tempo de pandemia, por causa do coronavírus, em isolamento social, estamos mais próximos de nossos semelhantes, convivendo juntos e, nestas horas a prudência e a paciência vem testar os nossos limites, e muitas vezes somos obrigados a convivermos com o joio e com o trigo. Mas com fé rogamos, Que a graça de Deus renove, modere, nos ajude e santifique o joio que cresceu dentro do nosso coração junto a nossas virtudes. Deus abençoe todos nós e principalmente você que nos prestigia com sua participação na certeza que dias melhores virão! Ou somos joio ou somos trigos, e esta escolha é nós que fazemos. A boa semente que nós recebemos na comunhão mesmo que simbolicamente nos transforma no bom trigo, faz de nós sementes do Reino Senhor! Amém!
Direto da Redação – imagens e edição de Vinícius Domingos
Padre auxiliar: Frei Simeão Pereira Lima
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