Muitas vezes ouvimos essa exclamação: “Estamos todos no mesmo barco”. Às vezes, uma comunidade pequena, ou até mesmo toda a sociedade se encontra diante de um desafio ou um perigo que põe em risco a vida de todos. Neste caso, existe o caminho de todos se juntarem para enfrentar o mal ou ficarem isolados, correndo o risco de afundar. A angústia parece ser o sentimento mais comum diante do futuro. Para os cristãos, o Senhor diz: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” É o Senhor quem nos garante a segurança ao navegarmos em meio aos desafios da vida!
A nossa querida Igreja, há muito tempo, inclusive no Evangelho, é comparada a um barco, muitas vezes agitado pelas ondas. Existem desafios e problemas próprios de cada tempo dentro e fora da Igreja. Mas ela nunca afunda porque pode contar sempre com a presença permanente de Cristo e do seu Espírito. O Senhor garante uma boa navegação! Contudo, limitados que somos, duvidamos da força e da segurança do Mestre diante das mais violentas tempestades. Por isso somos convidados a professar a fé neste dia e a não termos medo.
Os discípulos, quando se certificam que é Cristo que está caminhando sobre as águas e que a tempestade é acalmada, fazem a sua profissão de fé: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus”. O Evangelho certifica que somente Deus pode caminhar “sobre as ondas do mar”, pois Ele está acima das forças do mal, simbolizadas aqui nas águas agitadas do mar.
Como o apóstolo Pedro, cada discípulo pode ter uma fé ousada e, ao mesmo tempo, vacilante: confiante, ele salta no mar, enfrenta os desafios, busca chegar até seu objetivo; quando vacila, duvida e começa afundar. Neste caso, não podemos deixar o medo prevalecer sobre nossa fé! O contrário é verdade: quando a fé prevalece sobre o medo, cresce nossa confiança e ousadia para anunciar o Evangelho da Salvação. Todos nós enfrentamos algum vacilo na fé. Todavia, a Liturgia de hoje quer nos propor o contrário, ou seja, que sejamos firmes no Senhor que caminha conosco e não nos abandona em meio às tempestades cotidianas. Jesus sempre está conosco, com a sua Igreja e Ele tem o poder de acalmar as tempestades!
Ainda podemos pensar que os desafios do tempo presente podem ser uma oportunidade para o amadurecimento da fé. Em cada situação vivida com o olhar da fé aprendemos melhor o que significa seguir Jesus na alegria da Ressurreição e no drama da Cruz. É Deus que nos conduz como conduziu Jesus passando por Jerusalém fazendo o bem a Igreja ao longo da história. É Deus quem mostra sua bondade e salvação como cantamos no Salmo 84 neste dia. Ele sempre se manifesta e cuida de nós!
O profeta Elias experimentou a presença de Deus no “murmúrio de uma brisa suave”. Ele não está, necessariamente, nas coisas grandiosas ou violentas, mas objetivamente naquilo que representa e traz a paz e a consolação. O desafio cristão é enxergar Deus na simplicidade das Comunidades nascidas da fé do povo, nas periferias do mundo, nos serviços, na liturgia da vida nas mais variadas ações que a promovem e resgata. Deus que se manifesta como quer e onde quer, mesmo com força e singeleza, não quer nos amedrontar: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”
Meus irmãos vejamos: Jesus caminha sobre as águas. Vemos Pedro com total ousadia pedindo para ir até Ele, mas quer fazer isso também caminhando sobre as águas. A tempestade sempre esteve e estará presente na vida do cristão, mas em meio a tempestade será possível ver e compreender o cuidado de Deus para conosco.
Os discípulos prontamente obedeceram à voz de Jesus, eles entram no barco e partem para o outro lado conforme recomendado, enquanto Jesus se despedia da multidão ali fica por um bom tempo para orar.
Meus irmãos e irmãs! Sempre existirão momentos em nossas vidas em que “aparentemente caminharemos sozinhos” podemos compreender quando Jesus diz aos seus discípulos que vão para o outro lado. Era como se Jesus naquele momento dissesse vão, pois eu ficarei aqui. Aqueles discípulos agora estavam embarcando para o meio do mar, mas o seu mestre ficou. Naquele momento talvez eles não entendiam o que Jesus estava dizendo, mas eles sabiam da necessidade de obedecer à voz de Jesus.
Jamais entenderemos o modo de Deus trabalhar, mas sabemos o quão necessário é obedecer à sua voz e saber esperar. Teremos momentos em nossas vidas em que experimentaremos o silêncio de Deus, e acharemos que estamos sós, e vira o medo, a incerteza, a desconfiança, o desespero.
Existem momentos em que entraremos no meio do mar da vida e tudo estará tranquilo, mas, de repente, a tempestade vem, as ondas e os ventos soprarão ao contrário, fazendo com que venhamos a pensar que estamos afundando, que não há mais saída. Porém, existem momentos em que caminhamos lado a lado com Deus, em que contemplamos os seus milagres, prodígios e sentimos o seu poder, sua força agindo em nosso favor. Momentos estes que nos fazem sentir que estamos sendo carregados por Deus, como uma criança no colo do seu amado pai, porém ha momentos em que nosso Pai Celestial diz: “filho venha até mim, comece a caminhar, confie, eu vou ficar por aqui observando, te esperando, e se alguma coisa der errada, agarre-se a minha mão.”
Observando então a Liturgia, vemos Pedro de forma ousada, descer do barco e começar a andar por sobre as águas indo ao encontro de Jesus. Pedro está caminhando por sobre as águas, mas em um dado momento, Pedro se deixa levar pelo medo, olha para as situações adversas, para o vento forte, para a própria vida, o mar agitado, sente as dificuldades que o assolam, ele perde o foco em Jesus e começa a afundar.
Mas Porque afundou? Ele teve medo e agora aquele Pedro, deixou de confiar e se apavora, diante do evidente perigo clama: Senhor, salva-me!
Meus irmãos e irmãs – Nas adversidades somos Pedro. As dificuldades virão para tentar tirar o foco que é Jesus e no momento em que a tempestade se levantar e nos ameaçar, devemos continuar olhando para o alvo e clamando a Jesus: socorre-me. Salva me.
A fé nestas horas, deve ser forte a ponto de desestabilizar a tempestade, e não a tempestade ser forte a ponto de roubar lhe a fé. Muitas vezes caminhamos de forma desconfiada, clamamos certos que não conseguiremos chegar a ele, como Pedro, mas Jesus está ali e dá nos as mãos com segurança e diz: homem de pouca fé, por que duvidaste? E, quando subiram para o barco, acalmou o vento e o mar aquietou-se. Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: és verdadeiramente o Filho de Deus.
Tudo isso, quer Deus nos ensinar que, também conseguiremos caminhar sobre as águas, romperemos a tempestade, enfrentaremos as ondas, os perigos, pois nossa fé consegue desestabilizar as tempestades que nos cercam, gerando em nós, novas experiências com Deus e vivenciando o seu amor e a sua segurança se confiarmos e irmos até ele.
A barca de Jesus, a Igreja, continua precisando de homens e mulheres corajosos, para que possa continuar fazendo a travessia do mar da história. Somos chamados a entrar na barca de Jesus! A Igreja é o Povo de Deus a serviço da vida; a Igreja é a Assembleia dos chamados. A evangelização é missão de todos os batizados desde nossas famílias até as estruturas hierárquicas da Igreja. Que este mês das vocações reacenda o nosso desejo de nos tornar mais servidores. E que sejamos corajosos para irmos até ele, sem medo de afundarmos, e se fracassarmos, termos a certeza de segurar firme em suas mãos para chegar onde desejarmos.
Direto da Santa Missa em seu Lar (FCV)
DEIXE SEU COMENTÁRIO | Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site.