A primeira leitura, do livro do Apocalipse, nos apresenta sinais que devem ser contemplados, iluminando a vida de todos nós cristãos. O texto nos fala da abertura do templo que está no céu e pelo aparecimento da arca da Aliança. O templo e a arca são sinais de que Deus se comunica com a humanidade e está muito perto dela. Os relâmpagos, trovões e terremotos indicam que Deus quer revelar à comunidade algo de grande importância.
O sinal grandioso que aparece no céu – lugar de Deus – é uma mulher, uma esposa-mãe. Ela tem como manto o sol, sinal da proteção de Deus, e tem a lua debaixo dos pés, isto é, já possui a eternidade de Deus. Também, ela tem na cabeça uma coroa, ou seja, é vitoriosa, de doze estrelas, que representam as doze tribos de Israel e os doze apóstolos. No apocalipse, a roupa é a identidade da pessoa. Sol, lua, estrelas são elementos que indicam o quanto a “mulher” está ligada e identificada com Deus.
Quem é esta mulher? Em primeiro lugar, Eva, a mãe da humanidade; é o povo de Deus do Antigo Testamento, chamado a fazer a experiência do Deus que liberta. Também, é Maria que dá à luz o Cristo. Mas, sobretudo, são as comunidades, de ontem e de hoje, chamadas a enfrentar os dragões da desigualdade, da injustiça e do poder que escravizam, para “darem à luz” ao Cristo vivo e permitir que Ele seja o centro de suas vidas e motivo de alegria e esperança para todos.
Na segunda leitura, Paulo se dirige aos coríntios, lembrando de onde vem nossa esperança: Cristo é primícia dos que adormeceram, isto é, Cristo é o primeiro fruto de ressurreição. Ele venceu a morte para sempre, nos dando a certeza de que a vida tem a vitória e a palavra final. Portanto, os mortos ressuscitarão também com o Cristo. Então, Paulo coloca de um lado, Adão, por quem nos veio o pecado e a morte. De outro lado, Jesus, que com sua morte e ressurreição, dá gratuitamente, a vida a todos nós! Em sua morte e ressurreição, Jesus Cristo nos associou a si mesmo e à sua vida em plenitude.
No Evangelho, Lucas nos leva a contemplar a Trindade que se revela aos pobres. Ao declarar-se “serva” do Senhor, Maria concebe Jesus e, como sinal de seu serviço, dirige-se, apressadamente, à casa de sua prima Isabel. Acontece, então, o encontro dessas duas mulheres agraciadas com o dom da fecundidade e da vida e o encontro de duas crianças, o Precursor e o Messias, ambos sob o sopro do Espírito Santo.
O Pai havia revelado a Maria o dom feito a Isabel, marginalizada porque era estéril; o Espírito revela a Isabel que Maria, a serva do Pai, se tornou mãe do Senhor. Assim, a Trindade entra na casa dos pobres e humilhados que esperam a libertação.
Ao descrever a visita de Maria a Isabel, Lucas quer mostrar Maria como um modelo de solidariedade, da comunidade fiel que atende a todos os irmãos necessitados. O serviço de Maria a Deus se concretiza no serviço aos irmãos e irmãs necessitadas. Descrevendo a visita de Maria a Isabel, Lucas quer ensinar como as pequenas comunidades devem fazer para transformar a visita de Deus em serviço aos irmãos e irmãs. Nossa acolhida à Palavra de Deus concretiza-se no serviço concreto às pessoas mais carentes.
Lucas acentua a prontidão de Maria em atender ao apelo de Deus contido nas palavras do anjo. O anjo tinha lhe falado da gravidez de Isabel. Imediatamente, Maria sai de sua casa para se colocar a serviço de Isabel. De Nazaré até as montanhas de Judá são mais de 100 quilômetros de caminhada. Tal atitude de Maria frente ao apelo da Palavra quer nos ensinar que não devemos nos fechar sobre nós mesmos, atendendo apenas as pessoas que nos são conhecidas ou que estão mais perto de nós. Devemos sair de casa, e estar bem atentos e atentas às necessidades concretas das pessoas e procurar ajudar na medida de nossas capacidades e possibilidades.
Até pouco tempo Maria levava uma vida “normal”; porém, depois do grande anúncio tudo muda; só Deus sabe o que passou em seus pensamentos, talvez muitas preocupações diante de um fato tão grandioso, do qual estava participando diretamente. Porém, uma coisa é certa: ela confia no Senhor. Não ficou presa no fato em si, mas põe-se, como nos diz a leitura, a caminho.
Ao chegar na casa de Isabel, após uma longa viagem de pouco mais de cem quilômetros, as duas mulheres se encontram, e não só elas, também os frutos da bondade e do amor de Deus. Aqui aproveito para abrir um pequeno parêntese: Maria estava com poucos dias de gestação, e ainda assim o seu filho foi percebido por Isabel, e o ainda não nascido João Batista. Como é que podem alguns ainda colocar em dúvida se o feto não constitui ainda um ser humano, capaz de reconhecer as grandes maravilhas de Deus, mesmo que estes sejam de poucos centímetros? E lá chegando; Quando Isabel ouviu a saudação de Maria a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo.
Maria foi a primeira anunciadora da boa nova, junto com ela, leva a mesma alegria recebida do anjo, leva também o Cristo e o Espírito Santo. Como não querer bem a uma mulher que soube realizar a vontade do Pai? Maria é aquela que conduz Jesus até aquela família, mais tarde será ela também que pede a Jesus para que ajude os noivos nas bodas de Caná; e ainda hoje ela continua atenta as nossas necessidades, com seu olhar materno, intercedendo por nós junto ao filho Jesus.
Diante de tudo que recebeu, ela não se exalta, mas bendiz o Senhor: Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus meu Salvador. Este canto, que Lucas colocou nos lábios de Maria, relembra o que Deus fez em Maria, a Serva do Senhor. Mas recorda também o que Deus fez pelos pobres através de Jesus. Ele inverte as falsas situações humanas no campo religioso, político e social.
Por isso, a Ressurreição gloriosa de Cristo foi o sinal definitivo desta vitória, também a glorificação de Maria no seu corpo virginal constitui a confirmação final da sua plena solidariedade com o Filho tanto na luta quanto na vitória.
Ela Não subiu ao Céu, como fez Jesus, com a sua própria virtude e poder, mas foi erguida por graça e privilégio, que Deus lhe concedeu como a Virgem antes do parto, no parto e depois do parto, como a Mãe de Deus. Portanto, A Assunção de Maria representa a esperança de todos os cristãos: uma ressurreição já realizada, concreta. É o exemplo perfeito da vitória do bem, da vida eterna, ao lado de Jesus e Deus no paraíso. Assim, esta solenidade é das mais celebradas por cristãos no mundo todo, desde o século V.
Pois Sua misericórdia perdura para sempre para os que o temem, nos quatro cantos do mundo. Aos que não o temem – os orgulhosos – Ele dispersou com a força do seu braço. Ele derrubou do trono os poderosos. Quanto aos humildes, submissos e oprimidos, Ele os exaltou. Ele cumulou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias. Deixemo-nos visitar por Deus! Mas estejamos atentos com a mesma sensibilidade de Isabel e João Batista. Que possamos reconhecê-la, acolhê-la e com Ela alegrar-se.
Poderíamos também dizer que Maria é a Arca de Nova Aliança, por ser ela a mãe do menino Deus. Mas o elogio de Isabel vai muito além da maternidade física de Maria. A grande bem-aventurança (graça) de Maria é ter acreditado que as coisas ditas pelo Senhor iriam cumprir-se. Por isso, Maria é modelo de discípula(o), por causa de sua atenção e adesão absolutas à Palavra de Deus. Diante da experiência que faz na casa de Isabel, Maria canta as maravilhas de um Deus que escolhe ficar ao lado dos pequeninos. Ela se faz porta-voz dos oprimidos, pobres, aflitos, viúvas e órfãos, de todos aqueles que esperavam a libertação e nunca perderam as esperanças no Deus que conduz a nossa história.
Direto da Santa Missa em seu Lar
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