A salvação é sempre obra de Deus, que chama todos os homens na situação em que se encontram e na hora em que se deixam encontrar. É um encontro entre o criador e a criatura.
Nessa liturgia somos convidados a perceber que o jeito de Deus é diferente do dos homens; às vezes, oposto e inconciliável com Ele. Em geral, o que é lucro para o homem, é perda para Deus; o que para o homem está em primeiro lugar, vem em último para Deus. A Palavra de Deus em seu juízo comporta uma radical inversão de valores: os primeiros são os últimos; felizes são os que choram; os verdadeiros ricos são os que abandonam tudo; quem quer salvar a sua vida a perde…
O jeito do Reino se manifestar e ser parece uma contradição inesperada. Deus escolhe as coisas frágeis e desprezíveis desse mundo para confundir os fortes. Não escolhe o primeiro, mas o último; não o justo, mas o pecador; não o sadio, mas o doente; faz mais festa pela ovelha encontrada, do que pelas noventa e nove que estão em segurança. Deus é imprevisível e assim nenhuma categoria humana pode capturá-lo, pois Ele escapa a qualquer definição e revela continuamente novos aspectos do seu mistério.
No Evangelho, Cristo responde as objeções e mostra que o senhor da vinha é justo à maneira humana com os primeiros, pois lhes dá o que havia combinado, e é justo com os últimos à maneira divina porque não fizera com eles nenhum compromisso de salário, apenas os mandou para a vinha e eles foram. Demonstra o primado da bondade de Deus, e revela que sua maneira de agir não contrasta com a justiça humana, mas a transcende totalmente pelo amor. Aplicando uma justiça aos primeiros e outra aos últimos, Deus quer antes de tudo afirmar seu amor por um e por outro, levando em conta as diversas situações em que cada um se encontra.
E nesta parte abro um parêntese, para dizer que não podemos comprar as coisas de Deus, nem nos curvarmos a certas exigências e extorsões financeiras que podem com o tempo nos ocorrer, uma coisa nesta parábola fica bem certa, o que é combinado é justo, mas tudo deve ser acertado no tempo tratado, firmado entre as partes. Cada qual cumprindo sua parte no trato. Qualquer deslize nesse sentido, não faz parte da justiça de Deus e a justiça dos homens tem uma venda nos olhos, porque é cega e ambiciosa, e desta devemos temer e orar para não cairmos em tentação. O contrato concluído entre o senhor da vinha e os seus operários se apresenta como alguma figura da Aliança entre Deus e o seu povo. A Aliança de Deus é sempre uma graça do seu amor gratuito.
No Evangelho deste domingo, Jesus narra precisamente a parábola do senhor da vinha que em diversas horas do dia chama trabalhadores para a lida. E à tarde dá a todos o mesmo salário, uma moeda de prata, suscitando o protesto daqueles que foram trabalhar mais cedo. Em família, reflitam sobre esta parábola, lembrando que o salário em questão é o Reino dos Céus. Decidindo por seguir Jesus, não importa se mais cedo ou se mais tarde, Ele é promessa de vida eterna.
Jesus com isso, alerta a todos contra o orgulho, atitude de quem se coloca diante de Deus e se sente no direito de julgar a sua bondade pela autoridade que possui. Ao mesmo tempo, a conclusão da parábola de hoje, em que há uma inversão de lugares entre os primeiros e os últimos, quer ser uma advertência aos judeus (os primeiros a serem chamados por Deus) mas também a cada um de nós, pois a dureza de coração não permite acolher o dom e a graça da bondade do Senhor em nosso próximo sem olhar para eles colocando seus interesses em primeiro lugar. Peçamos a pureza de coração para acolher os feitos de Deus em nossa vida e perceber sua bondade em nosso dia a dia. Orando pela conversão sincera dos aproveitadores, que não conseguem enxergar a graça de Deus sobre eles e que o império pode um dia ruir, se verdadeiramente não houver justiça entre o povo de Deus.
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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