A Santa Missa em seu Lar, deste domingo 18º do tempo comum é presidida pelo Padre Frei José Neilo Machado auxiliado pelo Frei Simeão Pereira Lima e tem como tema central a Multiplicação dos pães. Os discípulos de Jesus queriam dispensar a multidão, mas Ele não se curvou diante da incoerência deles e os convocou a distribuir com o povo o pouco que eles tinham. Quantas vezes nós queremos nos ver livres dos problemas e “despedir” as pessoas que são para nós empecilhos à nossa missão, à nossa caminhada. As pessoas vêm famintas, precisando de nós e fazemos vista grossa às suas dificuldades, achando que não somos capazes de ajudá-las porque temos muito pouco. Jesus nos dá então uma grande lição e nos ensina a sermos solidários.
A maneira mais eficaz para aprendermos a lição é nos colocarmos no lugar da multidão faminta e perceber que assim como olhou para aquele povo com compaixão vendo as suas mazelas e suas dores, Jesus hoje também olha para nós e quer nos dar vida em abundância. A glória de Deus é o homem realizado e feliz, por isso, Jesus hoje nos orienta a nos assentarmos com as pessoas que estão necessitadas e pedir ao Pai que providencie tudo de que estão precisando. Seremos então instrumentos de Deus na partilha e teremos saciado também a nossa fome de felicidade. – Do que você dispõe para alimentar a multidão que procura pão? – A quem Jesus manda hoje você oferecer o pão da Palavra? – Você tem sentado com as pessoas para partilhar? – Você se sente saciado quando partilha com alguém o pouco que tem?
Na primeira multiplicação dos pães podemos perceber uma clara alusão ao episódio do Êxodo. De fato, assim como o povo de Israel, peregrinando pelo deserto em direção à terra prometida, não tinha o que comer e era alimentado pelo maná que Deus fazia cair do céu, assim também nós, peregrinos neste mundo, dirigimos-nos à pátria celeste e, até lá chegarmos, precisamos ser sustentados e fortalecidos pelo pão da vida. A nossa existência nesta terra, com efeito, não é mais do que uma travessia, e o alimento de que necessitamos para chegar inteiros ao termo da viagem, só o podemos receber daqueles a quem o Senhor disse: “Dai-lhe vós mesmos de comer”, ou seja, dos religiosos, capazes de confeccionar o sacramento da Eucaristia. Nestas palavras, pois, vemos em que consiste a principal missão de um padre: alimentar com o Corpo de Cristo os que deu à luz no Batismo e curou na Confissão.
O Senhor, cuja Igreja é uma família bem-ordenada, em que os que estão em baixo obedecem aos que estão em cima, e estes vivem para servir aqueles, deu aos que participam de seu sacerdócio o encargo de dar de comer aos fiéis o pão do caminho — o viático —, para não desfalecerem enquanto se dirigem à casa do Pai. Mas para que este pão, alimento da alma, seja verdadeira refeição espiritual e produza em nós todo o seu efeito, temos de o receber com as disposições adequadas e, acima de tudo, com uma fé viva, transida de adoração e gratidão por aquele que, embora oculto sob as espécies sacramentais, está nele realmente presente, como Deus e homem verdadeiro, com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Procuremos, pois, com todo o nosso empenho fazer da comunhão um encontro íntimo e frutuoso com o Ressuscitado, mesmo que simbolicamente em nossos lares, devido a pandemia do novo coronavíorus. Não desperdicemos o tempo em que o temos dentro de nós com distrações e conversas fúteis. Recolhidos e prostrados aos seus pés nestes dias de isolamento social, rendamos-lhe a devida ação de graças e deixemo-nos abrasar pelo fogo de seu Coração Eucarístico.
Acima de tudo, é hora de nos reconhecermos como o Corpo de Cristo, apoiarmos uns aos outros e sermos expressão viva da preocupação de Deus para com todas as pessoas, especialmente as mais vulneráveis. A Igreja da Inglaterra, em resposta ao conselho do governo, cancelou temporariamente todos os cultos públicos como medida para ajudar a evitar a propagação do COVID-19. Ao mesmo tempo, continuamos trabalhando em outras questões – doenças, conflitos, mudanças climáticas e pobreza – que continuam a afligir muitas comunidades, que ficarão ainda mais vulneráveis por essa pandemia. Em uma mensagem à Igreja, o nosso arcebispo Dom Sebastião LIma disse-me está semana: “Nossa vida será menos caracterizada pela presença na igreja no domingo, e mais caracterizada pela oração e serviço que oferecemos com a santa missa em seus lares… Exortamos vocês irmãs e irmãos a se tornarem um tipo diferente de igreja nestes dias de recolhimento e de incertezas: gente esperançosa e enraizada na oferta de oração e louvor que procuramos transbordar em serviço ao nosso povo e nossa gente…Então, pelo nosso amor, Jesus Cristo será conhecido, e está sendo levado aos lares de alguma forma, numa grande corrente de oração de todos os credos e a esperança do evangelho vem renascendo numa gigantesca multiplicação de pessoas – uma esperança que pode enfrentar o medo e o isolamento – se espalhará por toda a nossa terra.
A Aliança desta Fraternidade Católica dos Filhos de Assis está trabalhando intensamente em toda a Comunhão para aprender desde as respostas mais eficazes da Igreja e compartilhar diretrizes sobre o COVID-19. A situação de cada estado brasileiro é diferente e as igrejas precisam seguir as diretrizes de seu próprio governo e organismos competentes. Os exemplos e recursos que compartilhamos em torno da Comunhão devem, portanto, ser adaptados a cada contexto.
Aos exilados, famintos e sedentos é dirigido o convite do profeta a retornarem ao Senhor, que propõe a partilha e a solidariedade como modo de existência. É um convite a participar do banquete da vida e da mesa farta do qual ninguém deveria ficar excluído. Segundo o apóstolo Paulo, nada pode nos separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo que se compadece da multidão doente e faminta e busca um meio para alimentá-las. Os discípulos propõe como alternativa dispensar a multidão para que busquem alimentos. Jesus, ao contrário, envolve todos na busca de uma solução para o problema, convidando os a partilha do pouco que possuíam. O gesto do Mestre mostra que Deus não quer que nenhum de seus filhos e filhas passe por necessidades. Quem venham a ele, todos que estão cansados e oprimidos que ele com certeza, nestes tempos difíceis, há de nos aliviar, e saciar a nossa fome, de amor, de compreensão e acima de tudo de solidariedade com os nossos semelhantes. Amém!
Direto da Redação – imagens e edição de Vinícius Domingos
Padre auxiliar: Frei Simeão Pereira Lima
Telefone para contatos: (35) 9 2000 – 1955 (Neilo) (035) 9 99060133 (Simeão)
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