Atualmente devemos nos perguntar, o que é de “César” e o que é de “Deus”? Hoje as leituras nos ajudam a refletir sobre a escolha fundamental que devemos fazer em nossa vida e no exercício de nossa missão. Somos convidados a voltar para Deus no serviço do seu Reino ou optar pelo mundo.
Somos criados por Deus à sua imagem e semelhança. Por isso estamos no mundo, mas não somos do mundo. Todavia, isto não impede de agirmos no mundo. Eu por exemplo deixei meu Ceará/Fortaleza para vir a Minas Gerais como missionário a um projeto ambicioso a ser desenvolvido aqui em Pouso Alegre para ganhar o mundo.
A leitura de Isaías que escutamos conta que Ciro, rei dos persas, derrubou o império babilônico e possibilitou ao povo israelita, que estava na escravidão, voltar para a sua terra e reconstruir o Templo e a cidade de Jerusalém. O edito de Ciro, em 538 a. C., é uma espécie de anistia; ele está devolvendo a Deus o que lhe pertence: o povo sofrido que fora liberto da escravidão do Egito. O rei da Pérsia recebeu o título de “Ungido do Senhor” por este feito. O profeta viu nesta ação a presença de Deus agindo na história.
No Evangelho encontramos Jesus que é abordado pelos fariseus e herodianos: “é lícito ou não pagar imposto a César?”. Como os fariseus não gostavam de Jesus e muito menos de Herodes, eles se servem do grupo dos herodianos para condenar Jesus. Esta pergunta toca a vertente econômica, na qual entra em jogo a lealdade e a submissão ao poder imperial de Roma, além de ter uma conotação religiosa, pois na moeda estava escrito: “Tibério, filho do divino Augusto” ou “Filho Augusto e Divino”.
O imperador de Roma colocou-se no lugar de Deus. Jesus está diante de um impasse: se ele respondesse “Sim” à pergunta, estaria contra os fariseus e o povo; se dissesse “Não”, os herodianos o acusariam de subversivo.
Jesus percebe que se eles estão com uma moeda no bolso porque aceitaram a dominação romana. Estavam comprometidos com o sistema opressor do Imperador. É claro que Jesus não é a favor da dominação! Neste caso, Jesus, o Mestre da Justiça, modifica a questão sobre o “pagar”. Ele responde devolvendo a moeda”. Dai a Deus o que é Deus e a César o que é de César!
Com esta resposta ele separa César de Deus, removendo o caráter divino do imperador. César é diferente de Deus. “César” representa a ambição do dinheiro e do poder. Já Deus é misericórdia, amor e vida. Libertar-se do dinheiro e comprometer-se com Deus é o projeto de Jesus. Em nosso tempo tem muita gente que coloca o dinheiro acima do amor e complacência de Deus!
Os cristãos que se engajam na política não são fiéis a Deus se o compromisso é com o sistema que oprime e mata. A política e a economia devem ser instrumentos para a realização da justiça, do direito à vida, conforme a vontade de Deus.
Quando o dinheiro domina a pessoa, ela fica perdida, perde a noção de dignidade, direito, justiça e o próprio respeito. Como na política e economia, todos os setores da vida particular e pública devem ser discernidos à luz do Evangelho para que os valores do Reino sejam colocados em prática.
Ao final, Jesus encerra a questão dizendo que cabe a eles julgarem o que é de César e o que é de Deus. Sem dúvida, poderão perceber que “devolver a César o que é de César” é erradicar de suas mentes toda ambição de riqueza e a idolatria do dinheiro e “devolver a Deus o que é de Deus” é libertar seu povo e promover-lhes a vida, o que é a verdadeira expressão do amor divino.
Hoje a vida que devemos devolver a Deus é: a proteção da natureza; a vida dos jovens; ver famílias saudáveis; impostos convertidos em saúde para todos e educação de qualidade ao alcance de todos; liberdade religiosa; Domingo como dia de descanso de se reservar um tempo para Deus; ter a certeza de que a solidariedade; erradicação da fome e tantos outros gestos concretos possa nos demonstrar que o Reino já está entre nós.
A Deus não temos como pagar, mas podemos devolver-lhe uma esperança de uma sociedade mais justa e igualitária para todos, fruto de nossa fé e caridade testemunhadas em ações cotidianas. A missão de todos nós é sermos agentes de transformação nas realidades que nos cercam segundo a Palavra que meditamos e os Sacramentos que celebramos. Jesus conta com nossa colaboração neste mês missionário e sempre! Aqui estou para servir, como dedicado missionário ao Reino de Deus.
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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