De modo especial, somos tocados pela saudade das pessoas falecidas que nós amamos. Muitas recordações nos são suscitadas, muitos sentimentos são despertados. É justo que demos espaços em nós para as pessoas queridas. Mas hoje não deve ser dia de dor, tristeza e desilusão. É dia de recordações, dia de oração e de esperança. Estamos aqui para rezar pelos nossos irmãos falecidos, confiando que em Jesus Cristo morrer é viver.
Por isso invocamos: “Dai-lhes, Senhor, o repouso eterno e brilhe para eles a vossa luz”. Com a morte não existe um rompimento da fé. Nada é desfeito, a comunhão, o vínculo permanece e por isso rezamos pelos falecidos. Deus que é “comunhão” nos chamou à comunhão e à unidade.
A morte não tem poder para interferir neste princípio. Essa é a nossa fé. A Igreja é composta de três estágios: a Igreja peregrina, que somos nós que aqui estamos, caminhando com fé; a Igreja padecente que são os nossos irmãos já falecidos por quem hoje rezamos e a Igreja triunfante que são aqueles que já estão na glória eterna, os santos e santas.
A liturgia nos inspira a pensar na ressurreição. Termos esperança em Deus que nos criou. Ele é nosso Pai. Nossa fé nos faz confiar que o veremos como Ele é. Na primeira leitura o Profeta Isaías, voltando se para a realidade do povo, mostra a misericórdia de Deus que prepara para seus filhos um lugar de alegria: “Naquele dia o Senhor dos exércitos dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias”. Não duvidemos: “Este é o nosso Deus, esperamos nele, até que nos salvou”.
No Evangelho, relato do juízo final, a forte expressão “Vinde, benditos de meu Pai!” é a autorização para a herança da vida eterna. Essa vida não é conquistada pela força, pelo poder, fama, acúmulo de bens, títulos que possuímos e/ ou comprada por dinheiro. Ela é conquistada pela capacidade de amar e de servir a Jesus Cristo em cada irmã e irmão com fome, sede, nu, doente, preso ou com outras necessidades. É preciso viver o amor, desejando que essa experiência se torne eterna.
Desde sempre a experiência da morte incomoda e assusta a humanidade, mas Jesus tornou-a suportável. Essa certeza anunciada pela liturgia de hoje foi confiada à Igreja. Estamos no coração de Deus e na Comunhão dos Santos. Na perspectiva cristã, a “morte se torna bendita porque é nossa libertação”.
Para nós cristãos a morte não deve ser encarada como o resultado de uma luta trágica. Devemos sempre nos lembrar de que a vida eterna começa aqui e agora. Quem vive com Deus neste mundo, viverá com Ele eternamente. Por isso, a hora de amar a Deus e servir os irmãos é agora! Quem faz a opção por Cristo encontrará amor e plena alegria.
O que podemos fazer pelos mortos?
Eles não foram eliminados, mas continuam próximos de nós na comunhão da Igreja. Por isso além de flores, velas e visitas aos cemitérios, precisamos oferecer pelos irmãos falecidos orações, súplicas de perdão, sacrifícios e esmolas aos pobres (caridade).
Mesmo diante da dor da separação física, renovemos a confiança em Deus e em suas promessas reveladas por Jesus. O segundo dia de novembro é tradicionalmente destinado às comemorações do “Dia de Finados” – tradição antiga, presente em várias civilizações e que demonstra o sentimento inato de que “algo” sobrevive à morte física – É uma data que costuma mexer com as emoções daqueles que passaram pela experiência de perda de entes queridos. Portanto, seja no Dia de Finados, seja em outros dias quando a saudade apertar, o melhor remédio é lembrar os momentos felizes passados ao lado da pessoa amada. Mas, para isso, é preciso aproveitar ao máximo a convivência com todos os que nos são caros em vida, amando e os respeitando diariamente.
Assim, quando chegar o momento da despedida, coisa que mais cedo ou mais tarde irá ocorrer – não haverá culpas ou arrependimentos. O conhecimento da fé cristã é altamente consoladora. O Dia de Finados sempre será uma data para relembrar os que partiram e deixaram saudades.
Na comemoração de Finados, como em todos os anos, os cemitérios se enchem de gente visitando os túmulos dos falecidos, deixando flores ou algum outro sinal do afeto e da saudade que continuam a unir quem segue vivendo com quem já não está mais aqui. É sem duvida um Dia de reflexão, de procura de respostas para as muitas interrogações que a vida e a morte suscitam…
Muito comum os fiéis católicos principalmente irem aos cemitérios, levam flores e manifestam seu pesar pela morte dos familiares e amigos… Mas eles são convidados nessa ocasião, mais ainda neste mês das Missões, a manifestar a fé da Igreja e procurar entender os mistérios da vida e da morte.
Qual é a luz especial que nossa fé traz para iluminar esse lado da existência, sobre o qual pairam tantas dúvidas? As respostas da fé cristã são muitas e luminosas.
Antes de tudo, nós cremos no Deus vivo, também chamado “o Vivente”, que é a origem de toda vida. Não cremos num deus “objeto” ou “coisa”, nem num deus “energia” ou força mecânica cega. Cremos no Deus que é “pessoa”, que se relaciona e se comunica, que ama e se compadece; que vive e que dá a vida. Ele concedeu ao homem também ter o “sopro da vida”.
Diz-nos ainda nossa fé que Deus nos chama à vida por um ato de bondade e benevolência. Não é o homem quem dá a vida a si mesmo: recebe-a. Por isso, acolhemos com profundo respeito e gratidão a vida que temos e também a vida do próximo que devemos amar sem distinção. Não somos nós os senhores absolutos da vida e da nossa existência; somos agraciados por esse dom divino. Devemos, zelar o melhor que podemos pela vida, pela qual deveremos dar contas a Deus.
Nossa fé nos fala da morte corporal: ela pertence à presente ordem da realidade, na qual tudo ainda é precário e provisório; não vivemos a realidade definitiva de nossa existência, mas caminhamos para ela. Para além da morte do corpo, existe o Deus da vida, não sujeito às realidades precárias deste mundo. Ele nos chama a si, a confiar nele, para recebermos dele o dom da vida eterna e da felicidade plena.
“Nós não sabemos quando será o dia da nossa morte, mas sabemos que dela não poderemos escapar, Deus não avisa pra gente a hora da morte. O que nós precisamos é realmente fazer aquilo que Jesus disse, estar preparado, vigiar, orar, porque nós não sabemos que horas nós iremos para Deus”.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a morte é o maior enigma da vida humana, pois todos têm dúvidas sobre ela, mas pela fé têm razões para crer na vida eterna. “Como dizia Santa Terezinha do Menino Jesus, eu não morro, mas entro na vida. Como cristãos católicos, a Ressurreição é o ponto fundamental da nossa fé”.
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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