Não há modo mais digno de se encerrar o Ano Litúrgico senão proclamando a nossa esperança: Cristo é o Rei do Universo, a Ele estão submetidas todas as coisas. É nesta direção que caminhamos “para que Deus seja tudo em todos”. A Liturgia deste Ano A, nos apresenta o Senhor como o Rei Pastor.
Para o Profeta Ezequiel é muito importante a imagem do Senhor como Pastor. Ele fala aos exilados, convidando-os à esperança e a confortarem o coração, pois o próprio Senhor, o Pastor, há de cuidar do seu rebanho, reunindo-o novamente e conduzindo os ao lugar de seu repouso.
Com palavras de ternura, anuncia um cuidado especial que o Pastor irá dispensar sobre cada ovelha: “procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, vigiar a ovelha gorda e forte” e dar esperança aos que perderam a fé. (Ez 34,16). E encerra anunciando o juízo para com as ovelhas, fazendo justiça a cada uma de acordo com o direito.
O julgamento será a vivência do amor. Do seu amor pelo próximo. Nas palavras de São João da Cruz: “No entardecer de nossa vida, seremos julgados pelo amor”. Os que viveram o amor, traduzido nas obras de misericórdia, pertencem ao Rei-Pastor. Os que não viveram o amor verdadeiramente, não pertencem a este rebanho, por isso, serão destinados ao fogo eterno.
A imagem do juízo pode até nos assustar, como assusta a muitos. Há muitos cristãos que fixam o olhar no Cristo Rei e Juiz, que separa, que condena, que puni. Mas, esquecem-se do Cristo Pastor que conduz as suas ovelhas com ternura.
Nossa vida, podemos dizer, que se divide em dois momentos: o primeiro neste mundo e o segundo no mundo futuro. Neste mundo, somos conduzidos pelo Cristo, Bom Pastor. No mundo futuro, nos depararemos com o juízo. Portanto, estamos no tempo da misericórdia. O Pastor nos conduz, e debaixo de sua condução, não nos falta coisa alguma: Ele nos conduziu às verdes pastagens deste nosso encontro dominical, nos alimenta com a sua Palavra, ele cuida das feridas, daquilo que se quebrou, por conta do pecado, das coisas que esperamos e ainda não foram concretizadas, derramando o óleo do seu perdão e misericórdia. O Pastor nos conduz para a plena salvação, não para a condenação. Queiramos estar com o Bom Pastor!
Afirma São Paulo: este é o tempo favorável, o dia da salvação (cf. 2Cor 6,2). A liturgia desta solenidade quer nos chamar a atenção para o juízo, mas, antes de tudo, nos tranquilizar com esta verdade: o Cristo, Rei-Pastor, cuida de nós e nos dá este tempo para a salvação. O Rei-Pastor não nos deixa faltar nada. E a nós, cabe o quê? Acreditar! Devemos viver como ovelhas do rebanho do Rei-Pastor: obedecendo a sua Palavra e aprendendo a reconhecê-lo naqueles com os quais Ele se identifica: os famintos, os sedentos, os pobres, os sem casa, os doentes e os presos. As nossas atitudes devem ser as mesmas atitudes do Rei Pastor, que reconduz a ovelha que se perdeu, que cuida da que se machucou, que vigia a ovelha forte.
Meus irmãos e irmãs – Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas virtudes contrárias ao egoísmo, ao comodismo e ao orgulho. Em todos os seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna felicidade: Bem-aventurados, disse, os pobres de espírito, isto é, os humildes, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que têm puro o coração; bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que desejaria vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes os outros. Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar e, ele próprio, é o exemplo. Orgulho e egoísmo, eis o que não se cansa de combater. E não se limita a recomendar a caridade; põe-na claramente e em termos explícitos como condição absoluta da felicidade futura.
Na Liturgia de hoje, no quadro que traçou do juízo final, deve-se, como em muitas outras coisas, separar o que é apenas figura e alegoria. A homens ainda incapazes de compreender as questões puramente espirituais, tinha ele de apresentar imagens materiais chocantes e próprias para impressionar. Para melhor apreenderem o que dizia, tinha mesmo de não se afastar muito das ideias correntes, quanto à forma, reservando sempre a verdadeira interpretação de suas palavras e usando parábolas sobre os pontos nas quais não podia explicar-se claramente. Mas, ao lado da parte figurativa e alegórica, há uma ideia dominante: a da felicidade que espera o justo e da infelicidade reservada ao mau.
Naquele julgamento supremo, quais os considerandos da sentença? Sobre que se baseia o inquérito? Pergunta, porventura, o juiz se o inquirido preencheu tal ou qual formalidade, se observou mais ou menos tal ou qual prática exterior e como ele se comportou diante das oportunidades que a vida lhe apresentou?
Ele quer saber se a caridade, o amor ao próximo, foi praticada, e determina dizendo: Passai à direita, vós que assististes os vossos irmãos; passai à esquerda, vós que fostes duros para com eles. O Rei Jesus faz qualquer distinção entre o que crê de um modo e o que crê de outro? Não! Jesus nos coloca como o bom samaritano, considerado herético, aquele que pratica o amor ao próximo, como a máxima de seus ensinamentos com punição aos que faltam com a caridade ao próximo. Jesus não faz, pois, da caridade, uma das condições para a salvação, mas como a única condição para a vida eterna.
Se outras houvesse a serem cumpridas, ele teria dito, podem ter certeza disso. Se ele coloca a caridade e o amor em primeiro lugar dentre todas as virtudes, é que estas implicitamente abrange todas as outras: a humildade, a brandura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc. Porque é a negação absoluta do orgulho, do comodismo e do egoísmo.
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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