Neste momento solene em que celebro minha primeira missa como bispo diocesano de Minas Gerais, mais propriamente dito do Sul de Minas o bastão de Bispo e Pastor desta Nova Diocese da Igreja Veterocatólica Missionária em Pouso Alegre cabe-me uma palavra de gratidão e de promessa ao povo de Deus que me conhece porque nesta terra nasci, fui criado, tornei-me jornalista, empresário , padre e agora bispo.
A missão de um Bispo é um mistério de Fé. E é sob o prisma de fé que se deve ver e entender o meu papel como novo bispo, em uma cidade onde o potencial religioso é enorme, temos aqui uma digníssima arquidiocese, com dezenas de paroquias espalhadas por todos os cantos, e muito bem administrada pelo seu zeloso arcebispo metropolitano a quem desejamos saúde e felicidade.
Pode-se aplicar nesta primeira missa as palavras do profeta a respeito do Menino, Jesus quando apresentado pela sagrada família. “Eis que este menino foi colocado para queda e ruína e também para o surgimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição. E assim serão desvendados os pensamentos de muitos corações” (Lc 2,33-35).
Palavras misteriosas, que refletem com impressionante exatidão, a Missão de Jesus, de sua Igreja, e, consequentemente de um Bispo.
Cristo veio proclamar o Reino de Deus. Foi sinal de contradição. A Igreja existe em função do Reino de Deus, que é um Reino da Verdade, da Justiça, da Paz e do Amor. Ela existe em função do Povo de Deus, sobretudo do Povo pobre, os prediletos de Deus. Torna-se, também, sinal de contradição. Meu lema: “Não fostes vos que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi”.
Assim, as alegrias e as tristezas, as esperanças e as angustias, sobretudo dos pobres e dos que sofriam, eram os meus anseios e os caminhos de minha vida enquanto presidente da UCES por mais de 25 anos. Posso dizer como São Paulo: Chorava com os que choravam e me alegrava com os que se alegravam.
Não é sem uma certa preocupação, e um friozinho na barriga, que assumo minhas responsabilidades pastorais para com esta porção do Povo de Deus sul mineiro, cujo crescimento espiritual e evangélico, acompanhei com carinho e amor, durante um período de mais de 30 anos de minha vida religiosa, centenas de crianças receberam a primeira comunhão, centenas de pessoas foram acolhidas no Centro de Estudos da UCES para a devida evangelização e formamos uma grande família, Reunidas no domingo de minha ordenação no último dia 7 de janeiro no Anfiteatro da Faculdade de Medicina. Sinto que vínculos quase indissolúveis que me prenderam a esta fervorosa comunidade espiritualista estarão comigo nesta nova jornada diocesana que graças a Deus não se rompem drasticamente. Juntos seremos mais fortes.
Abraço meu dever nesta Diocese, a mim confiada pelo Patriarca Dom José Fernando de Faria com a agrura de uma certa saudade de nossa querida Prelazia. Há 8 anos fui chamado para novas missões, Deus realmente escreve certo por linhas tortas. Alguém poderia me imaginar Bispo? Procurei com minhas limitações ser fiel ministro de Cristo e dispensador dos Mistérios de Deus, para servir ao povo e para dizer de minha alegria em ver meu sonho realizado. Talvez eu nem o mereça. Mas Deus assim o quis e aqui estou Senhor!
Posso afirmar com convicção que estes anos todos dedicados ao povo de Deus foram os mais ricos para mim, na minha caminhada de fé e de minha vida sacerdotal. “Evangelizar: não é glória para mim, senão necessidade” (Paulo Apostolo). “Ai se mim se não evangelizar”. “Ai de mim se me calar”. O Evangelho é liberdade e libertação. E Cristo continua sendo Caminho, Verdade e Vida.
Quero deixar expressos os mais vivos e elevados sentimentos de gratidão e reconhecimento a todos quantos me ajudaram nas mais diversas circunstâncias e horas difíceis, a desempenhar a contento meu ministério sacerdotal, promovendo o enriquecimento eclesial, pastoral, espiritual e social desta querida comunidade do povo de Deus.
Deixo a Prelazia, pedindo desculpas de minhas faltas e de meus erros e pecados. Se a alguém ofendi, se alguém tem mágoa ou queixa de alguma ofensa minha, queiram perdoar-me. Todos nós somos grandes e somos pequenos ao mesmo tempo. Somos anjos e somos demônios. Somos santos e pecadores. Somos grandes e nobres nas fraquezas e erros e somos miseráveis nas nossas grandezas. Só Deus é grande e Santo e só Ele nos compreende e nos perdoa devidamente. O ódio e o ranço jamais se aninharam em meu coração. Muitas vezes voltei atrás para corrigir falhas no futuro.
Amo a todos e desejo que todos se amem cada vez mais em Cristo e tenham um melhor conhecimento d’Ele, de sua Igreja e de Seu novo Bispo – Pastor.
Neste momento em que assumo a missão de Bispo de Pouso Alegre/ Sul de Minas, desejo que Deus Pai faça brilhar a luz da esperança de um novo caminho de graças e bênçãos para todos.
Vivemos meus irmãos e minhas irmãs numa época de profunda evolução e de grandes transformações, com inúmeros desafios. Tudo progride e evolui: na técnica, na escola, na universidade, na educação, nas comunicações, na família e na política, na cidade que moramos e amamos etc.
Também na Igreja Veterocatólica Missionária temos acompanhado, uma transformação bastante profunda de franco crescimento. Isso nos leva a ter a impressão que precisamos nos desligarmos do passado, pela maneira de praticar a religião que se renova a cada dia. Vivamos corajosamente – à luz da Fé – o presente que caminha para o futuro.
Como bispo minha perspectiva para o futuro será o alvorecer para o amanhã da Igreja de Deus em Pouso Alegre. Que Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, a Virgem Mãe de Deus elevada à glória do Céu, amor e esplendor da Igreja triunfante, seja nossa mãe querida intercedendo por nós junto ao seu Filho Jesus. Em nossa Missão Episcopal seja consolo e esperança do povo de Deus, na caminhada para o Pai, com a força do Espírito Santo.
Quanto a Liturgia de hoje é preciso nesta homilia acrescentar que mais inocente for a pessoa, mais profunda é a questão. A resposta certa para perguntas deverá ser o reconhecimento de que não há uma resposta exata. O que se pode afirmar com certeza é que a dor e o sofrimento entram no mundo por consequência do pecado. Isso afirmam até mesmo as ciências sociais, não utilizando o termo “pecado”, mas com conceitos similares como a injustiça, a desigualdade social, a opressão dos pobres, exploração dos fracos etc. que, no fundo, não são outra coisa senão pecado.
É esta situação que leva Jó a lamentar-se profundamente: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra?” (Jó 7,1). Jó considera toda a dificuldade e sofrimento que circunda a existência humana, ao ponto de afirmar que a vida humana é como a de um escravo, cheia de ilusões e preocupações. Mais significativa é sua afirmação final: “A vida é um sopro” (Jó 7,7a), ou seja, ao mesmo tempo em que começa, já termina, desaparecendo as suas marcas. Há duas opções: o desespero ou a confiança em quem dá sentido a essa existência limitada de sempre acreditar ser possível todas as coisas. Jó busca a confiança, e é ao Senhor que ele dirige a sua oração: “Lembra-te”.
Para Jesus, não faz sentido olhar para trás, para o que ficou perdido, ou para o que causou o mal. Ou porque tal coisa ainda não deu certo. Importa é olhar para frente, para o Reino que vem e que traz em si a superação de todo mal. Não importa o porquê a sogra de Pedro estava doente, mas sim, importa ajudá-la a se levantar e a seguir a sua vida, fazendo com que tal vida tenha sentido. A febre desaparece e ela começa a servir (cf. Mc 1,31b). Este é o sentido da existência humana: viver e fazer viver! E tem tudo a ver quando somos eleitos as episcopado.
– Por vezes, paramos nos porquês. E como não conseguimos chegar em uma resposta, caímos no desespero que nos estaciona, que nos impede o bem, que não nos permite olhar para frente e acreditar que tudo pode dar certo, se confiarmos que Deus é amor e bondade. O Evangelho, a Boa-Nova da presença de Cristo entre nós, inaugura um caminho novo. É para frente que se deve caminhar, na direção do Reino. O encontro com Jesus afasta os males e dá a eles um sentido redentor libertador. Juntos iremos a esse encontro doravante.
Jesus encerra o seu dia em oração e percebe: a sua missão deve alcançar a todos! Para isso, Ele envia também a sua Igreja. A Igreja tem a missão de levar essa Boa Notícia ao mundo desolado: “Ai de mim se eu não pregar o Evangelho” (1Cor 9,16b). E ela devo, agora como bispo, anunciar com os mesmos gestos de Jesus: me aproximando, segurando pela mão e ajudando todos a se levantarem. Livres dos sofrimentos, sejamos servos uns dos outros: “Com os fracos, eu me fiz fraco, para ganhar os fracos. Com todos, eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns” (1Cor 9,22).
Acolhendo desta maneira, a vida não será um motivo de desolação, mas uma graça, uma dádiva, uma benção para nossa cidade, para todo o sul de Minas e todo Estado de Minas Gerais, para nosso querido Brasil e até para o mundo! Afinal se alguém está em Cristo é Nova Criatura.
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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