O mistério pascal que estamos vivendo e que celebramos na liturgia deve ser para nós um estilo de vida. Como cristãos devemos saber para onde a nossa fé nos conduz, e acreditar que nada nos acontece por acaso. Páscoa não é um acontecimento do passado, é uma dinâmica que movimenta toda a história humana. De outra forma, a nossa vida corre o perigo de ser somente espera da morte biológica e junto com ela também de todas as nossas esperanças e anseios.
A liturgia nos convida sempre a olhar para frente. Lembramos o caminho andado e já percorrido para acertar o novo passo e não perder o foco da missão. Assim a Palavra nos fala da Igreja que crescia, do Espírito Santo que acompanhava os crentes e dos frutos que todo ramo da videira deve produzir quando permanece unido ao tronco.
Nós cristãos acreditamos que unidos a Cristo na sua morte, estaremos unidos a Ele também na ressurreição. A vida que vai passando nos oferece inúmeras oportunidades, grandes e pequenas, algumas mais doloridas, outras menos, fazendo morrer a nossa ilusão de sermos o centro do mundo, como se tudo e todos girassem ao nosso redor.
Tudo continuará depois de nós, mas para dar um sentido “grande” à nossa vida “pequena” precisamos encontrar alguém que seja grande por si mesmo, que seja a Vida por si mesmo. Este “alguém” é o Deus Pai que Jesus, o Filho, veio nos fazer conhecer, permanecendo nele em sua vida terrena.
“Permanecer” com Jesus é unir tão estritamente a Ele a nossa vida que nem a morte poderá nos separar. Para que isso aconteça precisamos crer e amar cada vez mais nossos semelhantes. O mundo esta infelizmente cheio de hipócritas, de pessoas caíadas por fora e podres por dentro. Estamos vendo momentos tensos de guerras e conflitos ameaçando a paz mundial.
Contudo, nada de desânimo, porque a misericórdia de Deus é maior que as nossas faltas e desacertos. O mandamento de Jesus consiste em crer n’Ele e praticar o amor fraterno. Quem faz isso “permanece com Deus, e Deus permanece com ele”. O contrário de “permanecer” é a instabilidade do cristão quando se deixa atrair por outras doutrinas e não pela força de união do Espírito Santo, que Jesus deixou.
– O Evangelho de João nos traz a metáfora ou analogia da videira e dos ramos. Jesus se define como a Verdadeira Videira e o Pai é o agricultor. Esta planta tem absoluta necessidade de poda; de outra maneira, não produz frutos. A poda dos ramos que não produzem é dolorida, mas é a condição para que o restante da planta possa desenvolver. Muitas vezes somos também podados, e isso faz parte da vida.
O “permanecer” do Evangelho meus irmãos, é o mesmo que continuar a perseverar na fé? Com certeza também o é, mas não é tudo. Por exemplo, a evasão de padres, reverendos, diáconos e seminaristas após longos anos de caminhada e convivências nos dá um sinal claro de alerta, como os da Iniciação Cristã, nos desafia a encontrar formas sempre novas, para que permaneçam e não se dispersem. Por vezes, não sabemos mais o que inventar para manter o povo na Igreja.
O verdadeiro “permanecer”, porém, é com Deus Pai, com Jesus Cristo, na comunhão do Espírito Santo. Insistindo na necessidade de permanecermos unidos a Ele e, através dele, unidos ao Pai, Jesus nos ensina que unidade e comunhão devem ser a marca registrada da sua Igreja.
O critério para sabermos se estamos verdadeiramente unidos a Jesus é a nossa obediência à sua Palavra e a nossa comunhão com a Igreja. Se as palavras de Cristo permanecem em nós, ou seja, se elas estão no centro de nossa vida e nós nos deixamos guiar por ela, nós produziremos muitos frutos.
Portanto, é pela observância dos mandamentos e pelo amor fraterno que nós indicaremos para o mundo que somos realmente de Cristo e que somos a sua Igreja disposta a crescer livremente sem o poderio dos opressores autoritários, desonestos e insenciveis quem tem nas mãos a caneta como foices e machados dispostos a eliminar os que não seguem sua cartilha e suas vontades. Sem dar a eles oportunidade de se defenderem porque se sentem absolutas. Sejamos sensatos, autênticos na fé que agora professamos para que possamos abrir bem os nossos olhos, pois mais cegos são aqueles que não querem enxergar. Amém?
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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