O quarto domingo da Quaresma é conhecido como o domingo da alegria (Laetare) porque nesse domingo vislumbramos a Páscoa do Senhor na liturgia da Palavra, que nos faz refletir sobre a conversão e a reconciliação. Hoje, a cor rósea substituiu o roxo lembrando essa alegria da Páscoa que se aproxima, cujos sinais estão presentes entre nós.
São Lucas dedica o capítulo 15 do seu Evangelho ao ensinamento de Jesus sobre a misericórdia divina. O ponto de partida é a murmuração dos fariseus e dos escribas que se escandalizavam com as atitudes de Jesus: “este homem acolhe os pecadores e come com eles”. Para os judeus, os pecadores não podiam aproximar-se de Deus. Por isso, concluíam dizendo que Jesus não podia vir de Deus. É neste contexto que Jesus conta a chamada “parábola do filho pródigo”.
A personagem central é o pai. Jesus fala desse pai como alguém que respeita as decisões e a liberdade dos filhos, revelando um amor sem limites. Esse amor manifesta-se na emoção com que abraça o filho mais novo, que volta à casa, depois de uma amarga e dolorosa experiência, que o levou a passar fome e grandes privações. É um amor que permanece inalterado, apesar da rebeldia e da infidelidade do filho. Este Pai é um retrato perfeito do nosso Pai celestial, um Deus paciente, acolhedor e cheio de misericórdia para conosco.
O filho mais novo é um filho rebelde, que exige muito mais do que aquilo a que tinha direito. Ele é a imagem de todos nós, quando nos deixamos conduzir pelo pecado e depois regressamos à comunhão com Deus.
Por outro lado, o filho mais velho sempre fez o que o pai mandou, “sem nunca transgredir uma ordem sua”; nunca pensou em deixar a casa paterna. Contudo, não aceita que o pai acolha o filho rebelde e ingrato. Não entende a lógica do pai, que faz uma festa para receber “esse irmão”, que gastou tudo. Este filho mais velho é a imagem dos fariseus e escribas que interpelaram Jesus: “Consideravam-se justos, mas desprezavam os demais”.
Esta “parábola do pai misericordioso” apresenta-nos Deus como um Pai bondoso, que respeita as nossas decisões, mesmo quando usamos mal a liberdade, procurando a felicidade em caminhos errados, desprezando muitas vezes quem um dia nos estendeu as mãos carinhosamente, quando delas mais precisávamos. No entanto, Quando nos reencontra, os seus braços estão abertos para nos acolher. Somos convidados a imitar a misericórdia divina e nos orientar por este preceito: ser misericordiosos à semelhança de Deus, nosso Pai.
A liturgia nos convida a alegrar nossos corações. Já se aproxima a maior festa cristã, a páscoa de Nosso Senhor. Somos, portanto, convidados a louvar e honrar o Senhor, que vem ao nosso encontro.
Na história contada por Jesus temos três personagens que divide a atenção dos ouvintes. O filho mais novo, que deseja sair de casa e viver sua própria vida do jeito que considerava certo viver para ser feliz. O filho mais velho, que permanece com o pai, porém com o coração fechado, e a figura do pai, que continua de braços abertos para acolher, não somente o filho que foi, mas, também, o que ficou e precisa se sentir reconhecido e amado em seu lugar.
Às vezes temos a tentação de achar que apenas o filho mais novo é o errado e o filho mais velho o certo. Na verdade, os dois erraram. Arrisco dizer que, o que ficou, errou ainda mais. Enquanto o que saiu arrependeu-se e voltou, o que ficou fechou em si mesmo e não se abriu à conversão. Quem não se converte, não se alegra com o retorno do outro.
Deus ama de forma igual a todos os seus filhos; Às vezes caímos na tentação de achar que Deus privilegia quem reza mais, quem faz mais caridade, que se parece mais bonzinho etc. Seu amor é igual para com todos os seus filhos. O importante é que cada um reconheça o seu lugar e faça valer sua condição de filho.
Peçamos a Deus a graça de sermos filhos prudentes e abertos à sua vontade. Não caiamos na tentação de agir como o filho mais velho. Não deixemos, também, que nossa imprudência nos leve a fazer mau uso de liberdade, assim como fez o filho mais novo.
Que Deus nos dê a sua graça, para sermos como o pai que não aceita o pecado, mas acolhe seus filhos sempre. Deus não guarda, mágoas, fica sempre feliz quanto tem os seus filhos por perto. Sejamos nós assim também. Estejamos de braços e corações abertos, para acolher quem volta. Nada nos acontece por acaso. Tudo é experiência para abrirmos bem os olhos. Só assim, nos identificaremos com o Pai
Direto da Santa Missa em Seu Lar
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