Na celebração deste domingo do Tempo Comum o Reverendo Frei José Neilo em sua homilia nos adverte que Deus quer a salvação de todos. Sabe que o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, cumpre, aqui na terra, a vontade divina, quando sabe dar valor às suas obras, visando acumular merecimentos para a pátria do céu. No evangelho de hoje, Jesus conta a parábola de um rei que preparou o almoço festivo pelo casamento do filho. Os convidados não apareceram… os servidores “espalharam-se pelos caminhos e reuniram todos quantos acharam, de modo que a sala do banquete ficou repleta de convidados”. O convite está sempre de pé: cabe ao homem responder a Deus.
Muitos querem seguir Jesus, e nós realmente queremos segui-Lo, mas seguir Jesus não é fácil. Seguir Jesus tem as suas exigências e muitos param pelo caminho, se perdem no caminho porque estão presos e atolados nas realidades do mundo. Primeiro que, neste mundo, nós temos que realmente cuidar das coisas que temos, precisamos trabalhar, cuidar da nossa sobrevivência, da nossa subsistência, e uma infinidade de coisas em nosso dia a dia e isso se chama: responsabilidade. E jamais, evangelicamente, alguém pode levar uma vida solta, despretensiosa e sem cuidar de si. Por isso o recado final da parábola é, os últimos serão os primeiros.
A Palavra de Deus deste Domingo 11 de outubro fala-nos da vinha; a Palavra de Deus de hoje fala-nos de banquete! Quantas vezes, na Sagrada Escritura, o Reino dos Céus é comparado a um banquete! Para os orientais, o banquete, a festa ao redor da mesa, é sinal de bênção, pois é lugar da convivência que dá gosto de existir, da fartura que garante a vida e do vinho que alegra o coração. É por isso que Jesus nos diz que “o Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho”. Ora, caríssimos irmãos e irmãs em Cristo, foi isso que Deus faz desde a criação do homem: pouco a pouco, ele foi preparando a festa de casamento do Filho seu, Jesus nosso Senhor, com a humanidade, para um entrosamento perfeito!
A primeira leitura de hoje: Deus falava a Israel sobre o destino de vida, luz e paz que ele preparava para toda a humanidade: “O Senhor dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos. Ele removerá, neste monte, a ponta da cadeia que ligava todos os povos. O Senhor Deus dominará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces…” Entendemos queridos irmãos que é de paz o pensamento do Senhor para nós; é de vida, de liberdade, de felicidade! Se o Senhor havia escolhido Israel como seu povo, era para que fosse ministro dessa salvação. O monte Sião seria o lugar onde brotariam a salvação e a bênção de Deus para toda a humanidade. Infelizmente, Israel não compreendeu sua missão. É o que Jesus nos explica na parábola de hoje (a terceira que trata desta questão: a primeira foi a do irmão mais velho que disse que faria a vontade do pai e não fez; a segunda foi a dos vinhateiros homicidas, a terceira é a de hoje).
Na parábola, o rei é o Pai; o casamento do Filho Jesus é a Aliança nova que Deus quer selar com toda a humanidade; os empregados são os profetas e os apóstolos. Deus preparou tudo; em Jesus fez o convite: “Vinde para a Festa!”, mas Israel não aceitou! A festa de acolher o Messias, o Filho amado, Aquele que traz a vida a toda a humanidade! “O rei ficou indignado e mandou tropas para matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles” – aqui Jesus se refere ao incêndio de Jerusalém, a Cidade Santa, que os romanos iriam realizar no ano 70, quarenta anos após a sua morte e ressurreição. Mas, os convidados não quiseram participar da festa, Israel rejeitou o convite do Messias! Que fazer? O rei ordena aos servos: “’Ide a todos os caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes!’ E a sala ficou cheia de convidados”. Somos nós, os que antes éramos pagãos e não conhecíamos o Deus de Israel. Pela voz dos Apóstolos e dos pregadores do Evangelho, o Senhor nos reuniu de novo, todos os povos da terra, de todos os caminhos e lugares da vida, das encruzilhadas, e nos fez o seu povo, o novo povo, a Igreja Unificada! Assim, a sala do banquete, a sala da aliança nova e eterna, ficou repleta, porque o desejo de Deus é que todos se salvem!
Caríssimos irmãos e irmãs, nunca deveríamos esquecer que a Igreja, da qual fazemos parte como membros e filhos, e que somos nós mesmos, é fruto de um desígnio de amor do Pai eterno que, na plenitude dos tempos, no chamou e reuniu em Cristo Jesus! “Onde estiver dois ou três reunidos em meu nome, ali estarei eu no meio delas” . Nunca deveríamos esquecer que este Banquete eucarístico do qual participamos constantemente é o Banquete que o rei, o Pai eterno, nos preparou: banquete da aliança do seu Filho, o Esposo, com a Igreja, sua Esposa! A Fraternidade estabelecida entre irmãos. Somos os convidados para o banquete das núpcias da aliança do Cristo com a sua amada Esposa… e o alimento, o Cordeiro, é o próprio Jesus dado e recebido em comunhão! Escutemos ainda, o final da parábola: “Quando o rei entrou para ver os convidados, observou ali um homem que não estava usando traje de festa!” Cristão, convidado para o banquete da Eucaristia, banquete da Igreja, banquete das núpcias do Cordeiro, qual é o traje de festa? É a veste do teu Batismo, aquela veste branca, que deves conservar pura pela tua vida, pelas tuas obras, pelo teu procedimento! Pela bondade do teu coração!
Não aconteça ser tu esse homem que entrou na festa sem o traje apropriado! É o que aconteceria se viesses, é o que acontecerá se vieres para esta Eucaristia santa com uma vida enodoada pelas ações contrárias ao que o Evangelho do Reino te ensina!“Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa, o que fazes aqui, onde está o teu coração e os teus pensamentos?” – eis, que pergunta tremenda o Senhor nos faz! O que lhe responderemos? “O homem da parábola nada respondeu!” Não há o que responder! Amados, chamados, convidados, por que não nos esforçamos para ser dignos de tal convite, de tal Filho, de tal festa? “Então, o rei disse aos que serviam: ‘Amarrai-o e jogai-o fora, na escuridão! Aí haverá choro e ranger de dentes!” Eis, caríssimos, irmãos a nossa responsabilidade! O Senhor nos deu o dom de sermos cristãos; cobrará de modo decidido o que fizermos com nossa fé, com nossa vida em Cristo! O próprio Jesus nos previne, de modo muito claro, que “muitos são chamados e poucos são os escolhidos”… Ninguém se iluda, pensando que porque é cristão já está salvo! Isso é bobagem e prepotência! Ao Senhor pertence o julgamento; e a nós, conservar pura e conosco a veste do nosso Batismo e das nossas ações perante nossos semelhantes! Pensemos um pouco na responsabilidade de sermos Povo de Deus, de sermos os escolhidos para ser o povo da Aliança…
Os apóstolos trabalhavam, Paulo também trabalhava duro para sobreviver, então, nós também temos de trabalhar. O problema não é trabalhar porque precisamos é que ninguém pode viver sem trabalhar; o problema não é ter porque precisamos ter uma casa para morar, bens para sobreviver. A questão que o Mestre Jesus nos chama a atenção é como lidamos com essas coisas diariamente. Se nos apegamos e nos prendemos ao que temos, o coração que não é livre, o coração que é apegado a alguma coisa, a alguém, ou a tantas coisas não consegue seguir Jesus nem para a eternidade. De que nos adianta o batismo, se não estamos devidamente trajados com ele no coração.
Em Deus não perdemos nada, não perdemos uns aos outros. Só perdemos aquilo que não temos. Estamos constantemente sendo convidados para o banquete do Senhor. Porém, quando somos presos de mais a esse mundo, não conseguimos abraçar a Jesus e nem se fazer presente em sua vida quanto mais ao seu casamento. Somos presos às pessoas, às coisas; ao dinheiro, há pessoa que está no leito da cama e está com os olhos lacrimejando pelas coisas que ela vai deixar. E isso em tempos de pandemia é terrível. Temos medo de morrermos e deixar tudo o que temos. Ganhamos o mundo e arruinamos nos alma que seguira para Deus. Perdemos a noção do que vamos ganhar, perdemos a noção e nos prendemos somente àquilo que os olhos podem ver. Acumulamos riquezas na terra, e esquecemos dos tesouros do céus. É por isso que o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça, porque a cabeça d’Ele é o Reino dos Céus que nos convida a evangelizar, a participar da festa do arrependimento e se fazer presente como convidado especial. Coisa simples que muitos rejeitam e deixam para depois, sempre há coisas mais especiais do que aceitar o convite e participarmos ativamente das coisas de Deus, como a parábola que Jesus menciona na Liturgia de hoje.
Até as aves do céu tem seu ninho, as raposas têm sua toca, mas o lugar do coração do Homem de Deus é o colo de Deus, a presença de Deus como convidado especial ao seu banquete. O homem de Deus, a mulher que segue a Deus, não fica presa aos laços familiares, ama a sua família, cuida da sua família, ama os seus, mas não se prende aos laços humanos, porque os laços que nos salvam são eternos. Precisamos participar uns da vida dos outros em harmonia. E nesses tempos de isolamento social, por causa do coronavírus, não tem sido fácil para muitos, fomos obrigados a estarmos presos numa aproximação mais ampla com nossos familiares e ao mesmo tempo distantes do carinho e da atenção acostumada, beijos, abraços, afagos… e qual proveito temos tirado desta lição, que se arrasta pelo mundo afora? A família reunida diante de banquete que Jesus nos oferece através da celebração da santa missa, que reúne grupos familiares, amigos e fiéis preparados para este grande momento de fé e oração, vindos de toda parte, de todos os caminhos, das encruzilhadas da vida. Mas temos que ser dignos para que possamos permanecer neste congressamento fraternal e solidário. Trajados devidamente para este banquete oferecido a todos.
Por isso, precisamos criar laços eternos com os meus, você com os seus, uns com os outros, porque eternamente seremos reunidos um dia na presença de Deus. Agora, quando só nos prendemos aos laços humanos, aos bens materiais, ao egoísmo, sem o desejo de participar, os planos de Deus para nossa salvação se desfazem de uma forma ou de outra, por isso, a mentalidade humana não sabe como aceitar o convite proposto ao povo de Israel, é preciso ter a mentalidade do Reino de Deus para nele entrar e participar da grande festa, trajado com a couraça da salvação pelas boas atitudes que tomamos na vida em relação ao nosso próximo.
Pensemos bem meus amados irmãos, no modo como estamos vivendo nossa vida cristã e, de modo especial, nossa Eucaristia! E que o Senhor nos dê a graça de participar dignamente do Banquete do Senhor, nesta vida, nas missas que celebramos, e um dia, por toda a Eternidade junto ao seu filho Jesus! Amém. Deus abençoe vocês!
Direto da Redação com imagens e edição de Vinicius Domingos
Padre auxiliar: Frei Simeão Pereira Lima
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