O Natal se aproxima, o Senhor está conosco, assim como está com Maria de Nazaré. Unidos nesta celebração com Dom Ronaldo ao sim obediente da Virgem cheia de graça, contemplemos o mistério da encarnação de Jesus, que vem para renovar nossas esperanças. O nascimento de Cristo se manifesta pela anunciação nas pessoas e em nossa comunidade que acolhem a boa-nova anunciada pelos mensageiros de Deus nesta semana que precede o Natal.
Na primeira leitura Davi, rei de Israel, pretende construir uma casa para Deus, pois não acha justo que o Senhor habite em uma tenda, enquanto o rei habita num palácio. Por meio do profeta, Deus intervém, mostrando que não está disposto a ficar preso num espaço físico, pois seu lugar é no meio do povo, como sempre esteve, desde a libertação do Egito.
Na segunda leitura Paulo conclui a carta aos Romanos com uma oração de louvor e glória, porque o mistério de Deus, ou seja, seu plano salvífico, oculto nos séculos passados, foi revelado à humanidade por meio de Jesus encarnado.
No Evangelho de hoje Maria recebe o anúncio do anjo Gabriel que a convida a aceitar o plano de Deus de se encarnar em seu ventre. Após compreender a situação e o significado da proposta, Maria confia e aceita o compromisso de ser a mãe de Jesus. Ela é a mulher cheia de graça que coopera com os planos de Deus de se tornar gente como a gente. Seu “sim” mostra que a ação onipotente de Deus se manifesta graças a colaboração de sua serva. Tudo é possível para Deus, principalmente quando encontra pessoas dispostas a colaborar com seus planos.
A sociedade que nos vivemos nos tempos de hoje corre sempre em busca de um estado de bem-estar e prosperidade. Desde o princípio, a humanidade procurou soluções e meios para alcançar uma situação de suficiência de recursos e paz. A desigualdade entre os povos é um claro exemplo de que estamos divididos entre pobres e ricos. O acesso de recursos básicos como água, comida, educação, segurança, trabalho e lazer, não são acessíveis a todos, tudo depende do lugar e da posição social. Nesse contexto, a compreensão do que é bem-estar pode mudar.
No entanto, ainda sobre o Evangelho de hoje, ao receber a saudação do anjo, Maria ficou perturbada. O diálogo com o anjo revelou que a causa dessa perturbação foi a surpresa diante da grandiosidade da proposta divina, a de ser mãe do Filho de Deus. Maria tem uma justa compreensão da sua condição humana, da sua pequenez e incapacidade para realizar aquela obra. Mas por outro lado, ela também é consciente da fidelidade de Deus ao longo de toda a história do seu povo.
Um povo acostumado a experimentar dor e alegria, que entrou pelo deserto e seguiu caminho até a terra prometida. O anjo anunciou o tempo da alegria, isto é, do cumprimento da promessa de salvação com o nascimento de Jesus. A alegria que vem de Deus não é um mero estado de bem-estar, ela se mistura com as outras realidades da vida e se realiza no cumprimento da vontade de Deus. Aceitando a alegria da maternidade divina, Maria se colocou a caminho para servir, sofreu rejeição, desterro, incompreensão e viu a morte de seu filho na cruz.
Na noite de Natal, em algum lugar, uma criança fica alegre porque ganhou um novo videogame ou celular de última geração, em outro lugar, a alegria é por causa de um pouco de comida ou de água. Duas crianças, dois lugares, duas maneiras de perceber a realidade da vida, mas as duas vão dormir alegres e felizes, ao menos por uma noite. A alegria e o bem-estar são condições passageiras, sujeitas a diversas mudanças próprias da nossa realidade humana. Diante disso como alcançar bem-estar e felicidade nesse mundo? Será possível viver bem, ser feliz, aproveitando a vida?
Assim como na história do nascimento de Jesus, na história do seu povo, na vida de Maria se misturam dor e alegria. Num tempo tão acostumado a procurar o bem-estar, como é o nosso, a alegria cristã pode parecer uma fuga da realidade. Mas isso é um engano. A fé cristã esta alicerçada na certeza da presença de Deus na história e na sua justiça.
Neste ano, foram grandes os desafios gerados pela pandemia, pelo Covid 19, que colocaram em jogo o bem-estar de toda a nossa sociedade, de todas as famílias. De outra parte, redescobrimos o valor da partilha, a necessidade do encontro com aqueles que amamos. Foi um ano de dores e alegrias, mas um tempo onde Deus se manifestou sempre presente.
Para muitos um ano que não existiu, para outros um ano de muito progresso e felicidade, de conquistas e fortes mudanças. Coloquemos tudo isso no altar do Senhor e com Maria na Santa Missa de hoje celebrada pelo Bispo Anglicana de Poços de Caldas e Machado, que vem a Pouso Alegre participar deste evento, desta anunciação para que o Natal fosse um momento de reflexão entre as pessoas, principalmente àquelas dispostas a repartir o pouco que tem, com os que nada possuem para que suas vidas sejam também felizes na noite que Jesus renasce para continuar dando nos esperança de dias melhores.
Sejamos uma Igreja em atividade, para servir com alegria a todos que buscam no nascimento do menino Deus a força do amor ao próximo como Jesus nos ordenou. Acreditando que o próximo ano será melhor. Muito melhor com a graça de Deus que há de vir uma segunda vez. A todos desejamos um feliz Natal e um venturoso ano novo.
Direto da Redação
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