E chegamos ao final de um ano duvidoso, diferente, que exigiu de todos nós cautela e a proximidade maior com nossos familiares. Deus está sempre conosco, mesmo quando estamos no pecado ou quando o cometemos de alguma forma. Nosso Deus é um Deus que ama a todos e tem um olhar compassivo para com os pecadores. Vivendo no perigoso mundo do pecado, nós nos separamos de Deus; não Ele de nós. Ele estará sempre ao nosso lado, desafiando a dar passos na estrada da santidade, chamando nos à conversão. A vereda rumo à mudança de vida não nos pode ser um caminho estranho e tudo este ano aconteceu mais dentro de nossos lares, quando fomos obrigados a viver maior parte de nossos convívios, com nossos familiares.
E é justamente dentro de nossos lares que estão todas as setas indicativas para que não erremos o caminho. Em família, aprendemos que há em nós um espaço para o bem, o belo e, para a conversão.
A última missa do ano de 2020 coube ao Reverendo Neilo Machado, diretor proprietário da TV Jornal da Cidade, como jornalista e padre, ele sabe das dificuldades para sobreviver neste ano que ora está se findando.
O texto da primeira leitura desenvolve o quarto mandamento da lei de Deus; amar os pais, honrar e respeitar os pais, socorrê-los e cuidar deles na velhice é cumprir a vontade de Deus. O verso “honrar”, repetido várias vezes, significa obedecer, respeitar, ajudar, dar afeto e principalmente ter paciência redobrada com nossos entes queridos. A vivência desse mandamento traz benefícios aos filhos; favorece a vida, expia pecados, alegra e alcança respostas às nossas orações. Amemos “os de casa”, amemos nossa família, com vontade de servir sem esperar nada em troca. É assim que aprendemos o amor cristão, o amor ágape, amor incondicional, capaz de sacrifícios. Amai vos uns aos outros é a máxima de Jesus ao povo de Deus que as Santas Missas em seu Lar procurou levar durante o ano, quando a pandemia nos ameaça de sobrevivermos.
Recordo-me de um episódio em que alguém perguntou à Madre Teresa se ela tinha alguma dica pontual e importante para a promoção da paz. A Santa de Calcutá respondeu: “Quer fazer algo para promover a paz mundial? Vá para a sua casa e ame sua família”. Agora, pergunto: queridos irmãos e queridas irmãs, vocês são capazes de amar de tal maneira que as pessoas sintam que você não espera nada em troca? Então, seja remédio para quem sofre. Balsamo para os que precisam de você. Não importa como! Celebre as alegrias; chore as dores, participe, interaja. E acredite no seu potencial de servir, acredite no seu matrimônio; reze por quem sofre, por quem busca um recomeço.
Ameaçada pela pandemia, pelo divórcio, aborto, violência, pobreza, desemprego, insegurança, maus tratos, ingratidão, a família ainda é a melhor escola para formar cristãos, cidadãos… formar gente! É o reduto de aconchego no mundo arrastado pelas tecnologias. É o que vimos na segunda leitura, temos aí, um código comunitário e familiar, isto é, o autor apresenta algumas propostas para a boa convivência na comunidade e na família. A comunidade é convidada a constituir um só corpo em Cristo, superando as barreiras étnicas, religiosas e sociais. Família unidas, fraternas, solidárias e generosas geram comunidades santas. O amor recíproco deve estar presente tanta na comunidade como na família. E sabem porque?
A família é o lugar da misericórdia, da educação dos filhos, do cuidado com os anciãos. Ela tem de estar sempre aberta a Jesus Cristo, pois Deus dá aos pais a responsabilidade de amar com um amor criador, restaurador; é um amor familiar que faz crescer e que incentiva a “ocupar” o mundo. Foi assim em Nazaré: Jesus, Maria e José, uma família que deu certo.
Todas as famílias podem dar certo se houver compreensão e amor entre eles, cada qual desempenhando suas funções. Não há família que não enfrente dificuldades e ninguém passará por esta vida sem ter de superar alguns percalços, nada acontece por acaso. Estamos em um planeta de expiações, sendo testados e observados pelo altíssimo diariamente. Lendo as Escrituras Sagradas, entendemos que a Família de Nazaré passou por situações muito exigentes, mas nada foi capaz de abalar a sólida estrutura familiar. Ali, existia a fé; e a fé é capaz de unir, fortalecer, dar esperança.
O Evangelho trata da ida da Sagrada Família ao Templo para cumprir a Lei do Senhor. Lá acontece o encontro com o piedoso Simeão e a profetisa Ana. Num primeiro momento, o autor apresenta a família de Nazaré como uma família observante da lei, inserida na ordem social. Simeão, iluminado pelo Espírito, reconhece no menino o Messias, luz que ilumina as nações e sinal de contradição. A profetiza e piedosa Ana, por sua vez, reconhece no menino o libertador do povo, que espera por dias melhores.
O que aprendemos com essa passagem é que a fé praticada em família é um grande sinal para o mundo. Que as famílias cresçam na fé, renovem a fé, retomem a fé e, assim, encontrem a felicidade na complacência e na paciência do amor que deve reinar entre todos que habitam a vossa casa. Foi um ano difícil? Foi não resta dúvidas, mas com ele aprendemos a importância de estarmos juntos, e só aqueles, que perderam um ente querido, sabem a falta que eles fazem em suas vidas. Que a Sagrada Família que hoje celebramos ilumine nossas famílias, especialmente as que atravessam dificuldades no relacionamento, e as ajude a viver a concórdia e a paz.
Olhemos finalmente para o horizonte: um novo ano se avizinha. Verifiquemos com sinceridade o que estamos dispostos a fazer em favor da família. E rezemos. Rezemos sempre. Um dia o Senhor voltará para ver o que sobrou! E como diz aquele velho ensinamento, que Ele possa olhar nos seus olhos e o chamar de meus queridos filhos; venham para o Reino que meu Pai vos preparou…
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