Por que há no mundo, tantas pessoas que sofrem? E por que também o justo tem que sofrer? Eis a questão de fundo do livro de Jó. O sofrimento sempre foi e continua sendo motivo de angústia para os homens de todos os tempos e lugares. Quem de nós ainda não questionou os motivos de tantos acontecimentos: injustiças, guerras, doenças, violências, calamidades, desencantos, pandemias, exploração, abandono? Quem é culpado? Por que Deus permite essas coisas? Esse é o tema principal da Santa Missa em seu Lar de hoje.
O livro de Jó foi escrito para projetar um raio de luz sobre esse enigma. Jó é um servo de Deus, rico e feliz. É bondoso, generoso, fiel ao Senhor. De repente tomba sobre ele as maiores desgraças: perde filhos e fortuna, é golpeado por uma doença dolorosa. Até sua esposa se sente mal ao se aproximar dele. Seus amigos também o acusam de agir contra a vontade de Deus. Por que o Senhor o colocou numa situação tão desesperadora? Tudo isso é oração em Jó. Oração composta de gritos e lágrimas. Não esqueçamos: quem grita e chora, embora não o saiba, está invocando a Deus.
A vida das pessoas é uma luta constante contra as adversidades da própria vida. Muitas vezes as pessoas chegam a acreditar que tais desatinos, são castigos de Deus; Olhemos atentos para essa pandemia, o Covid 19 que assola o mundo, e ceifando a vida de milhares de pessoas. Para Jó, o sofrimento não era castigo, mas sim mistério que atinge as pessoas, mesmo sendo justas e honestas.
Na segunda leitura Paulo reconhece que sua missão evangelizadora não é motivo de glória, mas sim uma necessidade a qual lhe foi solicitada atender. Muitas vezes não entendemos o porque de muitas coisas que nos acometem, pensamos que estamos agindo certos, e estamos completamente errados. A liberdade de Paulo não é fazer o que bem lhe parece, mas acolher livremente o que Deus lhe propôs. Sua liberdade une-se a gratuidade para “ganhar o maior número de pessoas” para a causa do evangelho.
No Evangelho, Jesus se defronta com essa realidade do sofrimento. Ele quer dizer: o mal existe, mas não é invencível. Pode e deve ser derrotado. É inútil atribuir a culpa a Deus ou aos homens. A atitude única é colocar-se ao lado das pessoas que sofrem e lutar contra o mal que elas possam produzir.
Jesus não ensinou os discípulos a fórmula para operar milagres, como também não resolveu todos os problemas dos homens, mas em seus gestos, fez entender que Deus não aceita as situações nas quais o homem sofre. Ele está do lado de todos aqueles que não se conformam com a miséria humana. Ainda mais: com as curas, Jesus revela que sua vinda inaugura um tempo novo no qual será eliminada toda dor. O reino do mal já começou a ser combatido e derrotado. É a hora do Reino de Deus!
O Evangelista Marcos nos apresenta Jesus diante de diversas situações da miséria humana. Começa na casa de Simão, onde a sogra dele está acamada e com febre. À tarde, são levados a Jesus muitos doentes e possuídos. No dia seguinte, Ele se afasta para rezar e em seguida, põe-se a caminho para ir a outros lugares onde existem pessoas precisando de ajuda.
É interessante o episódio da cura da sogra de Pedro: Jesus não foge, pelo contrário, se aproxima. É assim que agimos? Em tempos de pandemia, somos recomendados a mantermos distancia uns dos outros, sem abraços, sem apertos de mão, sem carinho, que tempos são esses? Como nos relacionamos com o sofrimento, com a perda de entes queridos? Como cristãos temos que continuar crendo na esperança de dias melhores.
Jesus continua sua missão evangelizadora, curando os enfermos que encontra em seu caminho. Estende a mão à sogra de Pedro e a levanta. Em seguida ele se põe a serviço como já dissemos. As forças do mal que prostram o ser humano são aniquiladas por Jesus a qual as reduzem ao silêncio. Depois de um dia intenso, o Mestre tem necessidade de descanso e de buscar forças junto ao Pai.
A missão do cristão hoje é aproximar-se dos que não têm força. A mulher curada começa a servir Cristo e os irmãos. Isso é de grande significado. Quem foi curado e fez a experiência da libertação, deve agora ajudar a dinamizar a comunidade.
- A oração é o grande segredo de Jesus. Ele ia sempre à sinagoga, rezava em comunidade. Rezava também na solidão da montanha e no silêncio da noite; era sua oração pessoal. A verdadeira oração não é a fuga da dor, dos problemas da vida. Não é súplica de milagres simplesmente. É um encontro com Deus que nos permite enxergar o ser humano na sua totalidade, também com seus limites e dramas.
Jesus exige que cada um se comprometa na missão de libertação que foi iniciada. Ele não toma o lugar da pessoa, mas conduz e acompanha com sua presença. Ele nos convida a ser sempre Igreja em saída, ao encontro de toda realidade humana que precisa da luz do Evangelho da vida, do perdão e da misericórdia.
Evangelizar é levar essa palavra boa de salvação e de paz para todos. É uma tarefa de libertação, que nos é dada pelo próprio Senhor a partir da graça do Espírito Santo recebida no nosso Batismo. Anunciar o Reino de Deus significa se comprometer com gestos concretos de superação do mal, da dor, da doença, da morte, como Jesus. Vivemos um tempo novo de incertezas, o episódio que vivemos é denso e significativo. O primeiro gesto é de aproximação. É assim que Deus faz, Ele se aproxima de nós. A exemplo de Paulo estejamos tão enraizados nesse compromisso de vida e de fé, que possamos todos exclamar, como uma espécie de lema de vida: “ai de mim se eu não evangelizar!”
Direto da Santa Missa
DEIXE SEU COMENTÁRIO | Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site.