É Bendito o que vem em nome do Senhor. Com o Domingo de Ramos entramos na Semana Santa, também chamada de Semana Maior, já que nessa semana acontecem os maiores fatos da história da Salvação. Nestes dias vamos celebrar a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
As leituras de hoje se misturam em dois fatos: A entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, como rei pacífico e libertador do homem, e sua paixão e morte, como geradoras de libertação e de paz. Então a história da paixão e morte não é apenas a história de Jesus. É também a nossa história. Este assunto também é nosso, porque Jesus morre por nós e nesse seu comportamento de doação até o extremo, Ele se torna modelo de doação e de combate a tudo o que se opõe à construção do Reino de Deus.
Por conseguinte, esta semana, não pode ser santa apenas de nome, nem diferente por causa da pandemia e suas restrições e decretos municipais. Não apenas uma repetição de fatos passados ou de coisas conhecidas. Não podemos, nem devemos nesses dias, olhar apenas para os fatos históricos. É preciso enxergar o sentido salvador que a semana nos trazem. Temos de viver a Semana Santa comparando a nossa vida com a de Jesus, pois o cristão deve ser ‘outro Cristo’.
O caráter histórico desta semana nos recorda ao que Jesus viveu há mais de dois mil anos. Já sua atualização, nos faz reviver a sua paixão e morte no sentido e eficácia que os tempos modernos exigem. A Paixão de Cristo ainda não terminou! Ele continua sofrendo as dores humanas e com todos busca libertar, curar e salvar a todos. Ao passarmos por nossa cidade, por exemplo, vemos que o calvário ainda existe. Ele está presente na pandemia, na violência, no desemprego, na polarização política e econômica, nas divisões familiares e comunitárias. O caminho do calvário é longo e penoso! Ao revivermos o mistério pascal de Cristo, buscamos ser instrumentos em nós e a partir de nós do Reino de vida nova que Ele veio trazer.
Sobre os ramos lembramos que eles simbolizam a paz. Somos agentes da paz. Devemos construir
uma cultura de paz. Essa é uma missão necessária em um mundo onde a diferença e o diverso gera a morte, a violência e a polarização. Os ramos também enfeitam a imagem dos mártires. Ao mesmo tempo em que nos fala de sofrimento, também nos fala de vitória. Com estes ramos queremos expressar a nossa adesão e entrega à pessoa de Jesus Cristo. Queremos abraçar a sua causa, ser sua testemunha pela aplicação de seus ensinamentos em nossa vida prática.
Neste Domingo de Ramos experimentamos a alegria do triunfo de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, suas dores e sofrimento; sua paixão e morte. Sua caminhada nos recorda o caminho definitivo para a ressurreição. Nossa vida também é assim: experimentamos a alegria e a tristeza, dias de humilhação ou de glorificação; a saúde e a doença, momentos em que celebramos a vida ou a morte; a queda do pecado e o resgate feito pela graça de Deus em dois tempos distintos.
Enfim, entre as adversidades da vida, é que o cristão reconhece o mistério da Páscoa do Senhor que nos garante a vitória sobre o pecado e a morte. É a graça de Deus que nos conduz das trevas para a luz! Somos convidados a aprender com Jesus Cristo a aceitar e assumir a nossa vida com seus desafios, descobrindo em tudo a mensagem de Deus que é Pai e que nos leva sempre para o bom caminho. Ele nos motiva a querer um mundo mais justo e fraterno para todos.
Jesus sabia da sua morte. Vimos nos relatos que muitas vezes ele andava em cercanias distantes porque além de seus seguidores, havia também os que queriam matá-lo. Neste diapasão sua pregação foi ministrada em doses homeopáticas durante todos os três anos. Mas agora Cristo se apresenta a todos. Agora ele está na capital, diante de todos, os que o seguem e também diante de seus inimigos. A oposição!
Tudo o que ele tinha a fazer, já estava feito. Ele veio dos céus com a missão de propagar a palavra de Deus a todos os homens – para que eles soubessem a verdade e que seguissem verdadeiramente os ensinamentos do Pai. Então as pessoas entrariam no caminho da virtude e não pecariam mais. Esse é o significado de “Eis que vem aquele que vai tirar o pecado do mundo.”
Assim, ele entra em Jerusalém, o coração dos Judeus, e no Templo, coração do Senhor, a Casa de Deus. Agora Jesus não mais vai se esconder, nem fugir de seus algozes. Pela vontade de Deus, Jesus agora está à disposição do livre-arbítrio dos doutores da Lei. O processo de julgamento e condenação de Jesus pelas autoridades judaicas e do império. Em contraste com o Evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém, temos aqui a condenação do justo, sua agonia e morte, seus recados finais para salvar a nação. Sua fidelidade o leva a não se desviar nem desistir da missão que o Pai lhe confiara.
Ao entrar na cidade, Jesus se apresenta não como um rei guerreiro, mas como um homem simples, humilde e pacífico, montado num jumentinho, que instaura o Reino da verdadeira justiça. Embora o enlevo do povo diante de seu Salvador dure pouco tempo – os acontecimentos vindouros que compõem o relato dos quatro evangelistas, demonstra-nos que é momento de alegria e ao mesmo tempo de lágrimas e reflexões, momento de aclamar que são benditos todos os que vêm em nome do Senhor.
Que nesta Semana Santa possamos contemplar o amor de Deus, revelado em Jesus Cristo que se ofereceu por nós. Que a alegria de celebrarmos a Ressurreição do Senhor, sua máxima vitória sobre a morte, desperte e alimente em nós a esperança de que não é a morte que reina sobre o mundo, mas a vida. Sigamos em paz, sabendo que a última palavra quem tem é o Pai, o Deus da vida. Amém!
Direto da Santa Missa
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