Na liturgia de hoje percebemos que Jesus, o Verbo de Deus que se fez carne, é o sustento eficaz que mantém o homem vivo para seguir adiante em sua caminhada rumo à vida verdadeira.
Na primeira leitura, do Livro dos Reis, vemos o Profeta Elias que tem uma luta árdua contra um cenário de injustiças sociais, exploração dos pobres, corrupção religiosa e moral. Tudo isso instaurado no reinado de Acab por incentivo da jovem rainha Jezabel, que além de bela e inteligente era perversa e com isso começa a manipular seu marido fraco. A rainha introduz em Israel costumes e práticas morais de sua terra. Começa a exigir que seus súditos deixem de prestar culto a Javé (o Senhor) para prestarem culto a Baal. O poder persuasivo da rainha foi tamanho que o povo adere, entusiasmados, à reforma por ela imposta.
É neste momento de inversão de valores que aparece um homem de destemida coragem que contradiz as práticas da rainha e o modo pelo qual o povo está levando a vida. Este homem é o Profeta Elias. Com autoridade dada por Deus, Elias denuncia as corrupções e cultos a deuses falsos.
As palavras de Elias queimam como fogo e causam descontentamento aos que levam a vida no erro e na imoralidade. Ali o Profeta realiza milagres, invoca ameaças provindas do céu, faz, inclusive, com que fique três anos sem chover. Ele lutou com todas as forças para combater as práticas impiedosas daquele lugar. Certa altura se sente cansado e vê a necessidade de partir para o Monte Horeb, onde o grande Moisés, há mais de 400 anos, havia restabelecido suas forças espirituais no contato com o Deus Verdadeiro.
A imagem de Elias apresentada na leitura de hoje representa a imagem do ser humano de todos os tempos. Seu deserto representa o deserto que cada um de nós, em certa altura da vida, enfrentamos em nossa missão de testemunhar no mundo a Palavra de Deus e seu projeto de salvação.
Como resposta a esta situação desoladora enfrentada pelo Profeta e muitas vezes por nós, o trecho do Evangelho de hoje nos mostra Jesus que se apresenta como o “Pão da vida”. Ele é força para todo aquele que se coloca em consonância com o projeto do Pai e busca a vida. Por ser de natureza divina e humana, Jesus bem sabe das labutas que cada pessoa enfrenta em sua caminhada, por isso se oferece como alimento, dá força e garante a vida eterna. E para dar testemunho que a humanidade não caminha só e não está abandonada por Deus, Jesus se revela como rosto de Deus: “Quem me vê, vê o Pai”. Deus caminha conosco, Ele está no meio de nós, Ele é nossa força em Jesus Cristo.
No evangelho as autoridades dos judeus, conhecendo a família de Jesus, não podiam aceitar que ele tivesse “descido do céu”. Não conseguiam alcançar a realidade profunda dos fatos: Jesus descido do céu, acaba qualquer separação entre o Céu e a Terra. Jesus recorda o profeta Isaías dizendo que todos serão discípulos de Deus, pois há algo importante e novo a ser aprendido de modo diferente. As coisas de Deus já não se aprendem em escolas, mas na vida concreta, diretamente do próprio Deus, encarnado em Jesus Cristo.
Deus nos agracia com o dom da fé e pela fé, atrai todos a ele. Apender de Deus é ir a Jesus, e ir a Jesus é assimilar seu modo de ser e de agir, assimilar a vida que ele nos oferece, como pão que mata a fome e da vida que dura para sempre. Se conhecer Jesus é ser discípulo de Deus, assimilar a vida que ele oferece ao mundo permanece um desafio. A comunhão da qual participamos na Eucaristia é o momento central de nossa missão, pois manifesta nossa identidade e um compromisso fundamental. Somos discípulos do Deus que se revela em Jesus. Nós o vamos conhecendo, dele vamos aprendendo e com ele vamos assumindo o compromisso de saciar a fome do mundo. Fome de pão, de comida e de vida mais digna; fome de atenção, de carinho e de amor ao próximo.
Que ao iniciarmos hoje a Semana Nacional da Família, reflitamos: as práticas que estamos vivenciando em nossa casa são as virtudes ensinadas por Jesus? Estamos tendo a paciência devida com nossos parentes principalmente com as crianças e idosos? Que tipo de alimento buscamos em nossas relações? Buscamos viver no dia a dia o que nos alimenta nos Sacramentos e na Palavra de Deus?
Direto da Santa Missa
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