O povo sofria no exílio da Babilônia cada vez que ouvia a pergunta irônica: “Onde está o Deus de vocês?” A tentação é pensar que Deus se afastou, abandonou seu povo eleito! Não existe maior tristeza e desonra do que essa. Mas, com o tempo, auxiliado pelos profetas, o povo fiel vai descobrindo uma nova face de Deus.
A caminho com Israel, Deus vai se revelando pouco a pouco. À medida que o povo entra na intimidade divina, a Lei foge da letra morta do livro e se encarna nas atitudes e no coração dos homens e mulheres que acolhem e buscam viver com sabedoria a Palavra de Deus. E a resposta que hoje fornece é esta: o Senhor não está restrito a um território, confinado em paredes ou isolado em uma língua! Nosso Deus está presente no seu povo que conserva e vive a aliança; povo que luta para conseguir vida, terra, moradia e leis que promovam a vida para todos. É essa a justiça de Deus!
O Evangelho de Marcos tem como fio condutor a pergunta: “Quem é Jesus?” O Filho de Deus se encarnou num povo concreto, num tempo histórico e nele desenvolveu sua missão. Ele veio para transformar as tradições humanas que distorcem a vontade divina. Assim, Jesus assume a vida concreta cotidiana do seu povo. Na vida simples de Nazaré, com os aldeões de Cafarnaum, no meio da multidão em sua missão itinerante, o Mestre e seus discípulos dão-se conta das exigências concretas da vida real das pessoas, especialmente dos pobres e marginalizados. Os clamores dos excluídos da sociedade são ouvidos de modo preferencial pelo Pai misericordioso divino!
Para Jesus a impureza é consequência das opções de vida das pessoas. Relacionar-se com Deus não é simplesmente repetir gestos rituais externos de purificação, mas, fazer opção profunda pelo seu projeto que é de vida digna para todos. É muito grande a tentação de desligar fé e vida. Muitas vezes, discursos religiosos precários incentivam esse pensamento perigoso. Quais são as impurezas da nossa sociedade e das comunidades cristãs hoje?
Não basta simplesmente saber sobre a Bíblia e sobre Deus: é preciso nos comprometer com os seus anseios e ideais. Alguém pode ter muita informação, mas viver de braços cruzados diante dos desafios da realidade da vida. Todos somos convocados, como discípulos missionários de Jesus Cristo, a uma decisão e atitude concretas para transformar este mundo à luz do Reino de Deus.
Na comunidade eclesial todos têm um lugar, ninguém está sobrando. O Ressuscitado se faz presente e age em todo tempo e lugar nas diferentes situações humanas. Isso nos ensina que o evangelizador deve encarnar-se nas situações concretas e históricas do povo que vai evangelizar.
O Espírito Santo nos dá força e coragem para comunicar a pessoa de Jesus e fazer que sua Boa Nova chegue no coração e na vida das crianças, adolescentes, jovens e adultos. Que todos nos sintamos comprometidos a viver o Evangelho com novo ardor, manifestando de forma clara e concreta a sabedoria, o amor e a misericórdia deste nosso Deus.
Jesus vem nos conscientizar de que é do interior do nosso coração que saem as impurezas, más intenções e toda a maldade exteriorizada por meio das nossas ações. Assim então, Ele nos recomenda para que não nos valorizemos a partir das práticas convencionais e tradicionais nem sejamos enganados (as) pela falsidade das palavras.
Todos nós temos a tendência de admirar e nos impressionar com as pessoas que se apresentam irrepreensíveis, no vestir, no falar, no comportar-se, no entanto, conseguem encobrir um espírito de maledicência, de julgamento e de orgulho. O mundo dita regras e etiquetas que desvirtuam completamente os pensamentos de Deus.
O preceito de Deus é Amor e quantas vezes nós esquecemos isso para seguir as regras e as tradições que o mundo conservador nos prega! Isto, antes daquilo; fazer deste jeito e não do outro; apegamo-nos com coisas banais que não se fundamentam no amor de Deus e agimos “bem”, aos olhos do mundo, superficialmente, quando no nosso interior nada está bom, é só fachada. Ora, precisamos entender as lições ensinadas por Jesus.
Jesus nos instrui a fazermos tudo de coração e espírito contritos, com simplicidade e naturalidade. Até o louvor que sair da nossa boca deverá ser eco do que há dentro do nosso coração. Do contrário, tudo que os nossos lábios entoarem será vão e desnecessário. Ao invés de mãos e pés lavadas o nosso Deus prefere mesmo é um coração limpo, puro, de amor ao próximo.
Direto da Santa Missa
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