Deus criou o ser humano para conviver de modo especial com seus semelhantes. Marcante e profunda convivência se estabelece entre homem e mulher. O simbolismo da constela acentua a igualdade e a complementação entre ambos, que foram criados à imagem e semelhança de Deus com a finalidade de viverem o amor.
Escutemos umas palavras comoventes e cativantes que Jesus pronunciou num momento de grande exaltação espiritual: «Eu te bendigo, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos» (Mt 11,25).
A dureza do coração – ou seja, sua insensibilidade aos apelos de Deus não permite ao ser humano perceber a vontade divina levando-o a seguir os próprios desejos. Francisco de Assis foi um jovem que mais se aproximou do exemplo deixado por Jesus, despojou-se de tudo, para viver plenamente entre os pobres e oprimidos. Por isso a Igreja tem a alegria de as escutar todos os anos na festa dedicada a São Francisco, o pobrezinho de Assis (+1226), homem simples de coração e loucamente enamorado de Cristo e do seu Evangelho.
Através do texto evangélico, somos convidados a voltar a uma vida cristã configurada pela pobreza e a simplicidade do coração – a infância – tal como o fez S. Francisco de Assis. Ele soube penetrar admiravelmente na Palavra da vida até encontrar o mais nuclear e essencial da revelação cristã, precisamente, nesta “manifestação aos simples, humildes e rejeitados”. O que nos pode ser mais gratificante, do que homenagear este exemplo de amor franciscano. Que nos deixou exemplo de amor a Deus e principalmente aos pobres.
Vivemos imersos num mundo e numa cultura que difundem a arrogante autossuficiência, como se não devêssemos nada a ninguém, como se não tivéssemos necessidade de salvação. Como se outros interesses fossem maior do que o amor e dedicação ao nosso próximo. Deixamos muitas vezes que o orgulho, a arrogância, a inveja, o despreparo, fale mais alto em nossas reais vontades.
Neste sentido, tornamo-nos frequentemente ridículos aos olhos de Deus. Por isso, são particularmente oportunas e plenamente atuais as palavras de S. Francisco no seu Cântico das criaturas: «Louvado sejas, meu Senhor, por todas as Tuas criaturas (…). Servi-O com ternura e humilde coração, agradecei os seus dons, cantai a sua criação. Todas as criaturas, louvai o meu Senhor. Essas palavras de ordem interna, faz de nós franciscanos autênticos servidores do divino plano de amor de Deus».
Dia 4 de Outubro, comemoramos a morte de S. Francisco. A sua morte foi o momento fundamental da sua libertação. Com efeito, foi enquanto se associava plenamente ao mistério da morte e da ressurreição de Cristo que dirigiu aos seus irmãos, a modo de testamento e de desafio, as seguintes palavras: «Eu já cumpri a minha parte; que Cristo vos ensine a sua. Comecemos, irmãos!». Sim, comecemos, irmãos, a viver com alegria o Evangelho, uma vez que Deus se manifestou aos simples, nada mais tem importância para nós que não seja um forte desejo de servir ao próximo.
O Evangelho de hoje começa com uma breve oração de Jesus; continua com uma lição de vida trinitária, e acaba com um convite. As três coisas produzem o retrato espiritual do Santo que festejamos.
O Santo de Assis caracteriza-se pela humildade e pela simplicidade da vida que escolheu para servir seus semelhantes; a sua humildade converte-o em terreno propício para receber esta revelação do mistério trinitário. Com efeito, os seus escritos e as biografias primitivas assinalam nele uma profunda experiência do mistério da vida trinitária.
O convite final de Jesus é o apogeu de tudo: «Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei» (Mt 11,28). “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. Jesus é benévolo e humilde de coração; por isso é o repouso dos humildes, e também de todos os que estamos abatidos porque não o somos suficientemente. O Povarello de Assis, tinha o coração de criança e a alma de quem entendeu o Evangelho.
Em Jesus aprendemos a humildade: «Aprendei de mim» (Mt 11 ,29). No exemplo deixado por Francisco entendemos o que é viver esses ensinamentos. Que tenhamos sempre a simplicidade e humildade de Francisco, como vemos nos seus gestos e palavras. Ânimo! Alegria, vontade servir. Temos perante nós o maior exemplo: Jesus Cristo e depois dele São Francisco de Assis!.
Pois bem, a exemplo de S. Francisco de Assis e apoiados no auxílio da graça, possamos assumir de coração nossa vocação a santidade à perfeição no amor ao próximo; a tudo sacrificar por amor a Deus, que tanto se sacrificou, fazendo-se como um de nós, para que pudéssemos um dia, glorificados no céu, participar daquilo que Ele mesmo nos prometeu! Amém!
Direto da Santa Missa
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