A Igreja nos convida a celebrar a Sagrada Família de Jesus, Maria e José. É muito importante ver esta festa ligada ao Natal do Senhor, o Mistério da Encarnação. Em termos mais concretos, somos chamados a responder a Deus neste dia como pessoas novas. Somos provocados a cultivar virtudes que nos levam a imitar Cristo, tais como: misericórdia, bondade, humildade, paciência, mansidão e respeito a Ele acima de tudo.
- O Evangelho de hoje relata a segunda visita de Jesus ao templo em Jerusalém (a primeira foi por ocasião da circuncisão). Trata-se do seu ingresso oficial na comunidade hebraica, inaugurando sua maioridade. Em Jerusalém, no templo, Jesus adolescente realiza seu primeiro e solene ato de revelação. É nessa ocasião que Ele pronuncia as primeiras palavras registradas pelos evangelhos. E a primeira palavra é Pai, dirigida a Deus; Pai será também a última palavra pronunciada por Jesus, ainda em Jerusalém, mas no novo templo do Calvário: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito” (Lc. 23,46).
Estas primeiras palavras de Jesus nos revelam onde está o centro de sua identidade e de sua missão: na escuta atenta e na comunhão com o Pai. – Jesus voltará a Jerusalém outras vezes; aí vai morrer e ressuscitar, porque Jerusalém é o sinal da vida e da morte, das lágrimas e da beleza, do sangue e da luz. Ontem comemoramos seus nascimento, e hoje o encontramos entre os mestres e doutores de religião.
Em Jerusalém, Jesus encontrará alegria e dor, morte e vida, acolhimento e rejeição. Jerusalém é a cidade da história humana e da história salvífica, lá está a casa do templo, a casa do Senhor, e a casa da dinastia de Davi, da qual descende o Cristo, ali ele crescerá, será adolescente, jovem e iniciará seu ministério.
Na perda e encontro de Jesus no Templo se condensa toda sua vida, que é buscar a vontade do Pai. – Jerusalém e Nazaré, lugares onde Jesus andou, são lugares que integram a missão de Jesus. Nazaré, um lugar desconhecido e insignificante, mas reconhecido pelos profetas, protegido pela Antiga Aliança. Nazaré é o sinal de Deus na rotina do dia a dia, é o sinal da palavra divina escondida nas vestes humildes da vida simples; é lugar da escuta atenta própria de um ambiente familiar.
Jesus nos convida a entrar em sua casa para aprender d’Ele e com Ele os valores do Evangelho. É difícil compreender a normalidade da vida de Jesus Cristo; parece até que o Reino não tem exigências sobre a sua vida. O Reino se revela no pequeno, no anônimo e não no espetacular, no grandioso. Ele está misteriosamente se realizando entre nós. Tanto em Nazaré quanto na vida pública, Jesus nos comunica uma profunda união com o Pai, numa oração confiante de entrega.
- Na escola da vida, Jesus também foi aprendiz. Aprender é consequência básica da dinâmica da Encarnação. Lucas o confirma: “Jesus crescia em sabedoria e em graça, diante de Deus e diante dos homens” (Lc 2,40.50). Portanto, Jesus viveu a vida em um processo lento e progressivo, a partir da própria condição humana no meio dos seus, no meio do povo e em vista do Reino de Deus.
José e Maria cumpriam à risca todas as formalidades participando dos eventos normalmente como todo o povo judeu. Jesus também os acompanhava e lhes era submisso. Naquele dia, no entanto, em que se comemorava em Jerusalém a festa da Páscoa, (relembrando a saída do povo de Deus do Egito), percebendo o Seu chamado para ocupar-se das coisas do Pai, Jesus afastou-se deles e ficou em Jerusalém. Foi encontrado no templo, entre os Mestres e doutores da lei.
Ao encontrá-los seus pais estavam angustiados, no entanto, as Suas palavras os levaram à admiração, ao mesmo tempo em que, apesar de não compreenderem, aceitarem, pois aquele acontecimento era obra de Deus Pai. “Sua Mãe, porém, conservava no coração todas essas coisas!” A graça e a sabedoria do Espírito nos fazem também “perceber” o tempo de ocuparmo-nos com as “coisas do Pai”. Chega um momento na nossa vida que o Senhor nos atrai e nos chama para enfrentarmos os mestres e os sábios do mundo, mesmo que nos achemos pequenos demais para isto.
Nós também, como cristãos, não precisamos estar somente pertinho dos nossos entes mais queridos, mas o Senhor quer que nós também estejamos em Comunidade, edificando o Seu reino de amor e compartilhando com eles, nossa gratidão e respeito. Assim como Maria conservava no coração tudo o que ela percebia, como sinal de Deus, nós também precisamos estar atentos (as), pois o Pai traçou o Seu Plano no mapa que está gravado no nosso interior. Precisamos ser testemunho de amor dentro de nossas casas, honrando nossos pais, para que tenhamos uma vida longa e abundante. Que aprendamos com Ele, amar e servir aprendendo a viver e testemunhar o Reino do Pai e tudo isso começa no aconchego de nossos lares.
Direto dos Estúdios da TV Jornal da Cidade – Santa Missa em seu Lar
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