Uma doença autoimune pode transformar a vida de um paciente em poucos dias. Esse é o impacto da Síndrome de Guillain-Barré (SGB), uma condição rara que ataca o sistema nervoso periférico, trazendo desafios não apenas para quem a enfrenta, mas também para seus familiares e amigos.
Geralmente desencadeada por uma infecção prévia, a SGB se manifesta por uma fraqueza muscular progressiva, que pode evoluir para uma paralisia completa. Embora rara, sua gravidade exige internação prolongada, suporte ventilatório e um árduo processo de reabilitação.
Essa foi a realidade vivida por Fabiano Ferreira, de 46 anos, morador de Poços de Caldas. Desde o dia 11 de janeiro, ele está internado no Hospital Poços de Caldas, da rede Hapvida, enfrentando uma das formas mais severas da doença. Para Fabiano, que já convivia com hipertensão arterial sistêmica (HAS) controlada e lombalgia prévia, a chegada inesperada da SGB representou uma reviravolta assustadora.
“No dia 10 de janeiro, ele começou a sentir dormência nas mãos e nos pés. A fraqueza avançou rapidamente para os membros inferiores, dificultando a locomoção. Em pouco tempo, perdeu completamente a capacidade de andar, falar e engolir, embora permanecesse consciente”, relembra Dra. Alessandra Bernadini, médica intensivista do Hospital Poços de Caldas, que acompanha o caso.
Com a progressão acelerada dos sintomas, Fabiano precisou ser transferido para a UTI, onde foi entubado e colocado em ventilação mecânica. O diagnóstico veio através de exames que confirmaram uma variante axonal da síndrome, considerada uma das mais graves.
A batalha de Fabiano não era apenas contra a doença, mas contra o tempo. Cada dia sem mobilidade significava mais desafios a serem superados depois. A equipe do hospital, no entanto, não mediu esforços para garantir o melhor tratamento e criar um caminho possível para a sua recuperação.
Uma jornada de desafios e esperança
A perda repentina da autonomia trouxe não apenas dificuldades físicas, mas também emocionais. Segundo Dra. Alessandra, o impacto psicológico da SGB é intenso, gerando medo, ansiedade e, em muitos casos, depressão. Por isso, além do tratamento médico e fisioterapêutico, o suporte emocional se tornou parte essencial da recuperação de Fabiano.
Maria Angélica, fisioterapeuta do hospital, explica que a imobilização prolongada agravou a perda muscular, tornando a reabilitação ainda mais desafiadora. “Nosso maior desafio é recuperar a mobilidade. A ausência de contração muscular durante a desmielinização leva à atrofia, além da síndrome do imobilismo, comum em pacientes de UTI. Trabalhamos diariamente para estimular os músculos e evitar sequelas permanentes”, detalha.
Mesmo diante das dificuldades, pequenos avanços reacenderam a esperança. No início de março, após semanas de tratamento intenso, a equipe médica começou a perceber sinais positivos de resposta ao tratamento. Como parte desse progresso, Fabiano foi levado ao solarium do hospital para sentir o calor do sol na pele e contemplar o céu pela primeira vez em semanas. Para muitos, um gesto simples. Para ele e sua família, um marco na recuperação.
“Esse momento foi muito importante para o paciente e sua família. Trouxe mais força e energia para continuar essa luta”, destaca Dra. Alessandra.
O apoio do hospital e a força da família
Ao longo de toda essa jornada, o cuidado humanizado da equipe do hospital tem feito toda a diferença. Desde os médicos e enfermeiros até os fisioterapeutas, psicólogos e equipe de apoio, cada profissional está ao lado de Fabiano e sua família, oferecendo suporte não apenas clínico, mas também emocional.
“Foi um susto enorme no início, mas hoje, vendo a evolução dele, só temos a agradecer. Primeiro a Deus e, depois, a todos aqui do hospital. Eles têm nos dado apoio, tirado dúvidas e estão sempre disponíveis, não só para o Fabiano, mas para nós, da família, também”, conta Joselaine Peres, sobrinha de Fabiano.
O sentimento de gratidão se estende a todos os profissionais envolvidos no tratamento. “Desde o início, não sabíamos o que estava acontecendo, e foi muito difícil. Mas, com a ajuda de Deus e de toda a equipe médica, chegamos até aqui. Enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos… cada um deles tem feito parte dessa vitória”, diz Márcia Cristina Dansiger Balbino, esposa de Fabiano.
A mãe de Fabiano, Eni de Fátima Ferreira Balbino, também expressa sua emoção ao ver a melhora do filho. “Foi muito difícil ver um homem trabalhador, cheio de vida, de repente sem conseguir se mover. Mas, graças a Deus e a essa equipe maravilhosa, ele está melhorando a cada dia.”
A jornada de Fabiano ainda continua, mas sua história já é um testemunho de força, resiliência e do impacto transformador do cuidado dedicado que tem recebido no Hospital Poços de Caldas. O caminho da reabilitação é longo, mas, com o suporte certo, cada passo se torna uma conquista.
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