Mais do que nunca, a TV vai ser o mais importante cabo eleitoral para alguns candidatos e a pior adversária para outros. A resposta dependerá da atuação do telejornalismo na campanha para muitos candidatos.
Por temer distorções na cobertura da eleição, o ministro do STF Gilmar Mendes, que no momento também é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), quer discutir eventual controle da programação de rádios e TVs no Brasil.
Pretende com isso impedir que programas jornalísticos deem mais espaço a um candidato em detrimento dos demais. As matérias nos telejornais, por exemplo, seriam cronometradas para que todos possam ter o mesmo tempo de visibilidade.
A informação foi publicada na coluna da jornalista Mônica Bergamo na edição desta segunda-feira (6), da Folha de S. Paulo.
Vale lembrar que rádios e TVs são concessões públicas, ainda que a maioria seja gerida por empresas privadas. Teoricamente, um órgão estatal pode monitorar o conteúdo e solicitar mudanças, sem que isso seja visto como ingerência ou censura.
Mas, quando a ideia parte de um ministro intrinsecamente ligado ao presidente Michel Temer, a intenção pode ser interpretada de outra maneira, especialmente pelos opositores do atual governo.
A proposta de Gilmar Mendes também deverá gerar protestos da cúpula das emissoras de rádio e TV. Os donos do ‘quarto poder’ (a imprensa) odeiam ficar sob fiscalização. A Propaganda Eleitoral Gratuita exibida na TV é a grande catapulta de qualquer candidato numa eleição. Por isso os partidos guerreiam entre si e, às vezes, formam coligações ideologicamente esdrúxulas: o objetivo é conseguir mais minutos de exposição na tela.
A força da televisão influencia o voto de milhões de brasileiros. Os marqueteiros apostam todas as fichas nos programas eleitorais já que as mensagens aos telespectadores são capazes de elevar um candidato e prejudicar os concorrentes.
Ainda que as redes sociais tenham papel mais relevante a cada pleito, a TV ainda se mostra imprescindível no sucesso ou fracasso de uma campanha presidencial.
As equipes dos partidos fazem o possível para oferecer boas pautas às emissoras. Querem usar a publicidade espontânea proporcionada pelas atrações de grande audiência para impulsionar a imagem de seu candidato. “Segundo um deputado, líder lá no Congresso, o medo deles (os políticos) é sair uma notícia ruim no Jornal Nacional. Isso estremece, é muito mais devastador do que na internet”, relatou Lucas Mendes no ‘Manhattan Connection’, da GloboNews.
Manchete negativa no horário nobre da TV pode resultar em perda de milhares de votos, assim como uma pauta favorável é capaz de atrair inúmeros simpatizantes.
Daí a preocupação do ministro Gilmar Mendes em evitar que a mídia – especialmente a televisão – opere com falta de imparcialidade no trato com os candidatos à Presidência no ano que vem. Afinal, cada canal tem sua preferência partidária, ainda que raramente assuma isso, e o conceito de ética jornalística se revela elástico em algumas empresas de comunicação.
A detestada Propaganda Eleitoral Gratuita na TV vai custar, de acordo com a Associação Contas Abertas, 1 bilhão de reais em renúncias fiscais às emissoras obrigadas a transmitir os programas das coligações. Como se vê, 2018 será um ano oneroso para o bolso do contribuinte e tenso na televisão brasileira. Cada vez mais os políticos estão usando vídeos nas redes sociais, porque sabem da importância que a boa visualização pode trazer de favorável ao seu mandato enquanto político está.
Contra o dinheiro direcionado aos partidos não há o que fazer. Já em relação ao blá-blá-blá dos políticos buscando votos, o telespectador eleitor tem em mãos o poder do controle remoto.
Nesta briga pela força da TV, Lula, Jair Bolsonaro e Luciano Huck se dizem possíveis candidatos à Presidência e apostam tudo no poder da TV. Foi a Tv que nos alguns anos atrás quase fez de Sílvio Santos um presidente da nação brasileira, e todos sabemos que muitos artistas e famosos da TV se elegem constantemente, num país onde estar na TV e ter a certeza que está fazendo sucesso e se tornando cada vez mais popular, talvez seja isso a grande preocupação do ministro Gilmar Mendes e como sempre dizemos, quem viver, com certeza verá!
A nova campanha de autopromoção, ‘100 Milhões de Uns’, da Rede Globo de Televisão evidencia seu alcance: praticamente a metade da população brasileira acessa todos os dias a programação da emissora pela TV ou na internet. O final da novela ‘A Força do Querer’ atingiu 50 pontos de audiência – 10 milhões de telespectadores somente na Grande São Paulo. Multiplique essa adesão pelas demais regiões e terá um panorama da força do canal do filhos de Roberto Marinho.
Tão adorada quanto odiada, a Globo poderá em breve ser sugada para o epicentro da política. Não como o principal veículo de comunicação do Brasil, e sim como catapulta de um candidato à Presidência da República.
O que era piada se torna uma possibilidade: Luciano Huck angaria apoio em Brasília para se lançar candidato. Aos 46 anos, o apresentador do ‘Caldeirão’ pode ser o ‘outsider’ (o não-político) que as raposas velhas da política tanto temem.
Em recente pesquisa de intenção de voto realizada pelo Ibope, o artista aparece com até 8%, dependendo dos cenários com diferentes adversários. Oscila entre o terceiro e o quarto lugares, atrás de Lula, Jair Bolsonaro e Marina Silva. A bem-sucedida investida do também comunicador de TV João Dória nas urnas, eleito para a prefeitura de São Paulo, prova que há chance de um candidato inexperiente – e com a vantagem de não ter histórico de acusações de corrupção – superar nomes tradicionais dos grandes partidos.
Este é um fenômeno que se torna comum. Outros apresentadores populares se aventuraram nas urnas e saíram vitoriosos e sem nenhuma experiência política podemos citar: Sérgio Reis, Tiririca, Agnaldo Timóteo, Romário, Clodovil… e por ai vai que a lista é grande.
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