O Uso de luvas, pedidos de oração, pregação da “palavra de Deus” e filmagem das vítimas sem roupa: esse foi o roteiro adotado por Lázaro Barbosa, conhecido como o “maníaco de Brasília”, ao realizar o primeiro assalto no entorno do Distrito Federal ainda em maio — antes de realizar a chacina de uma mesma família que deu ao caso projeção nacional.
No dia 17 de maio, o baiano Lázaro Barbosa, de 32 anos, conhecido como Leandro ou Índio, assaltou uma chácara em Ceilândia, cidade a 22 quilômetros de Brasília, e fez quatro pessoas da família como reféns. Chegou sozinho, estava armado com uma arma de fogo e uma faca e despiu as vítimas, para depois filmá-las. Roubou dois relógios de pulso, dois aparelhos de telefone celular e 90 reais em espécie.
Em depoimento prestado à Polícia Civil no dia 18 de maio, uma das vítimas disse que Lázaro “causou terror psicológico” durante as cinco horas em que permaneceu na casa, pedindo para que os moradores ficassem de joelhos e rezassem o Pai Nosso com a arma apontada para eles, e que usou uma luva de proteção o tempo todo.
De acordo com o depoimento dado por outro integrante da família assaltada, o criminoso pediu que lhe fizessem comida e ordenou que a vítima bebesse todo o vinho que estava na geladeira. Segundo o relato, Lázaro estava tranquilo durante todo o tempo, e “parecia ser uma pessoa estudada, pois conversava muito bem”. E disse que, ao filmar e fotografar as pessoas nuas, “ia salvar a vida delas”.
Além disso, o assaltante teria perguntado se na casa havia armas, e que tinha a ordem para “levar a cabeça de alguém”, mas que estava na casa errada. Ainda segundo os relatos do crime de 17 de maio, Lázaro teria pedido desculpas pela situação, mas fez ameaças de publicar os vídeos e fotos na internet caso a família procurasse a polícia. Pela narrativa prestada à polícia, Lázaro fez com que todas as pessoas ficassem sem roupa durante todo o tempo em que permaneceu no local.
Notoriedade
Depois que o caso ganhou notoriedade e a imagem com o rosto de Lázaro passou a ser divulgada, novos crimes cometidos antes da chacina passaram a ser atribuídos a ele.
É o caso do assalto a uma residência ocorrido no dia 25 de maio no Núcleo Rural Boa Esperança, região de chácaras que teve um aumento considerável no número de roubos, segundo a própria Polícia Civil. O boletim de ocorrência feito pelo dono da casa passou por um aditamento no dia 10 de junho — quando foi acrescentado que, ao ver fotos de Lázaro nas redes sociais, a esposa da vítima “prontamente o reconheceu como sendo o autor do crime”. Segundo o depoimento, porém, as características do modo de agir do criminoso não foram descritas em detalhe.
No inquérito policial aberto após os crimes no Distrito Federal, a polícia apontou que o criminoso já era investigado pela Delegacia da Mulher por ter praticado um roubo e estupro com as mesmas características e dinâmica dos outros crimes cometidos no último dia 9.
Relembre
Lázaro está sendo procurado pela polícia desde o assassinato brutal de um casal e dois filhos em Ceilândia, no Distrito Federal, na quarta-feira (9). Ele está foragido e é suspeito de cometer outros crimes por onde passou. Houve troca de tiros com a polícia e uma família foi feita refém.
Segundo declarado em entrevista coletiva pelo secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, a polícia tem encontrado dificuldades em capturar o foragido por ele conhecer muito bem a região.
Ele é nascido e criado aqui na região de Goias, é mateiro, sabe se movimentar como ninguém. Isso dificulta o trabalho. Essa região tem muitas chácaras, casas abandonadas, casas de passeio e uma grande mata auxiliar fechada. Isso desfavorece quem está perseguindo e favorece quem é da região. Essa é a grande dificuldade.
Mais de 200 agentes do Distrito Federal e de Goiás participam da força-tarefa para capturar Lázaro.
Confira cronologia da fuga
- Na sexta-feira (11), ele roubou um veículo e fugiu para Cocalzinho de Goiás. Depois colocou fogo no carro;
- No sábado (12), invadiu uma fazenda, atirou em três pessoas e colocou fogo em uma casa. Nesta ocasião, fez um caseiro refém, usou e obrigou a vítima a usar drogas;
- No domingo (13), o suspeitou furtou um carro para fugir da polícia, foi visto na BR-070 e acabou abandonando o veículo. A corporação acredita que ele tentava retornar ao DF;
Na segunda-feira (14), ele foi filmado por câmeras de monitoramento e teria dormido em um galpão de uma chácara. Pediu comida aos moradores, mas fugiu;
- Na terça-feira (15), uma moradora de uma fazenda filmou os policiais durante buscas em sua propriedade. Segundo as imagens, Lázaro passou por lá durante a fuga. Mais tarde, ele sequestrou uma família em outra chácara (foram liberados sem ferimentos) e atirou em dois policiais, que foram atingidos de raspão, eles foram levados para hospitais e receberam alta;
- Na quarta-feira (16), Lázaro Barbosa foi visto por um morador em uma área rural;
Na quinta-feira (17), a polícia retomou as buscas em matas da região e mudou a base de operação pela segunda vez.
Hoje: Sexta-feira (18), Força Nacional vai ajudar nas buscas.
Direto da Redação com informações ANN/JC
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